Frederico Lohmann
A hipocrisia do governo brasileiro em relação aos povos indígenas é, no mínimo, revoltante. Desde muito a execução das políticas federais está nas mãos de uma Funai inoperante, os indígenas fingem que recebem atendimento e o governo federal finge que dá o mesmo atendimento.
Bastou que as notícias sobre os efeitos da pandemia nos povos indígenas atingissem o apetite das ongs internacionais e as garras da imprensa sensacionalista para que fosse formada uma força tarefa ostentativa, para tentar amenizar mais um desastre de relações públicas no exterior.
Como sempre foi e sempre será, tão logo os chupins protetores dos povos originais das terras de outrem, enquanto massacraram e massacram os de suas terras (vide índios americanos, esquimós,
povos originais das américas espanholas e tribos africanas) voltem suas vistas para outro foco mais rentável política e economicamente, a força tarefa se autoextinguirá e sumirá no limbo da hipocrisia governamental.
Questiono a política indigenista brasileira desde os idos da década de sessenta, quando dos primeiros contatos de Chico Meireles, em Rondônia, com o povo Cinta Larga. Quem conheceu aquele povo originalmente, altivos, fortes, autosuficientes, orgulhosos de sua etnia e, principalmente, agressivos e destemidos com o famigerado homem branco, não acredita hoje quando vê aquele arremedo de selvagem, destruído pela cachaça, pelas gripes, pelo contato espúrio com garimpeiros e madeireiros, reduzidos a menos de 5% da população antes do contato.
Como comandante da 4ª Cia. do 5º BEC, sediada em Vilhena, na fronteira entre Mato Grosso e Rondônia, recebi instruções de não tomar qualquer atitude repressiva a eventuais invasões dos selvagens às instalações do batalhão ou às vilas e fazendas da região sob nossa guarda, permitindo que eles levassem o que achassem necessário. Eles sempre preferiam ferramentas, suprimentos alimentícios, bebidas alcoólicas e roupas, que depois eram repostos pela Funai.
Aí já entrou a malandragem no processo. Os fazendeiros e povos das vilas declaravam os suprimentos levados em dobro ou triplo, para auferir lucros na operação, sempre em conluio com os técnicos da Funai.
Os resquícios desse processo se estendem até hoje, quando vemos os programas de saúde indígena figurando entre as atividades mais corruptas do estado brasileiro e a política de proteção aos povos indígenas cada fez mais ineficiente, nas mãos daqueles que sempre buscam tirar o máximo de vantagem do processo.
Frederico Lohmann é arquiteto e consultor
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