Crônica: Ipê Amarelo 

Rodrigo Alves de Carvalho

Por Rodrigo Alves de Carvalho 

Mês de agosto. Mês dos ipês amarelos. 

Praticamente em todo Brasil, as flores amarelas se destacam na paisagem, seja nas matas ou em pleno centros urbanos.
Aconteceu há um tempo atrás, nessa mesma época do ano que um matuto morador da cidade chamado Lourival se apaixonou pelos ipês amarelos e decidiu plantar uma árvore em frente sua casa. Conseguiu uma muda com um amigo da roça e se apressou para planta-la na expectativa que aquela muda crescesse logo e lhe proporcionasse a maravilha da natureza em pequenas flores amarelas. 

Porém, Lourival morava numa casa geminada, ou seja, uma casa “colada” com outra e seu vizinho não gostava nem um pouco de plantas. 

Os problemas começaram no dia que Lourival quebrou um pedaço da calçada para plantar o ipê e o vizinho já saiu esbaforido, com o dedo em riste e xingando a mãe de todo mundo: 

– Não vai plantar árvore nenhuma em frente minha casa! Isso só vai fazer sujeira, além de destruir toda a calçada! 

Quando Lourival lhe disse que era um inofensivo ipê amarelo, o vizinho quase enfartou: 

– O que? Essa flor é do demônio! Suja toda a calçada e ainda é perigoso alguém escorregar nas flores caídas e levar um tombo. 

A guerra estava travada. 

Lourival e seu vizinho discutiram, brigaram e chegaram a sair no tapa por causa do ipê amarelo. Lourival cercou a muda plantada com arame farpado e todo dia, a toda hora ficava vigiando se o vizinho tentaria arrancar a árvore. O que aconteceu várias vezes e várias vezes os dois se estapearam, até a polícia foi chamada para conter os ânimos e apaziguar os briguentos. 

Lourival ficou noites sem dormir cuidando se seu ipê amarelo, até que o vizinho desistiu da guerra e se mudou. 

Finalmente Lourival pode sorrir novamente. Seu ipê amarelo estava salvo! 

A árvore cresceu e na primeira florada expectativa… 

Até que os botões se abriram e Lourival teve uma decepção: Não era ipê amarelo e sim ipê branco. 

No outro dia Lourival cortou a árvore e colocou um cesto de lixo em seu lugar.  

Rodrigo Alves de Carvalho nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores. 

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