Liderança em tempos de pandemia*

*Por Marco Brito, Country Director The Leadership Circle Brasil

Nenhum tema parece mais importante nesse momento do que liderança. Não quero parecer presunçoso em focar em um assunto no qual trabalho e sou apaixonado, mas a pandemia serviu como um chamado para a discussão de como a liderança impacta a sociedade como um todo. O desafio começa quando precisamos liderar as nossas vidas e, principalmente, assumirmos o comando de quem desejamos ser e nos tornar ao longo das nossas jornadas. 

E agora, que parece que tudo virou de “ponta cabeça”, como conseguimos lidar com tantas transformações? A crescente complexidade e volatilidade do mundo atual requer uma capacidade criativa e adaptativa de liderança, individual e coletiva, que evolua muito além do ritmo que essa complexidade aumenta.

Nos negócios essa lógica não é diferente. Como são a base da nossa economia, naturalmente o desenvolvimento de liderança se torna cada vez mais uma prioridade que não pode ser negligenciada. Um dos maiores desafios enquanto líderes de nós mesmos, de times e de organizações é compreender com maior profundidade como nos desenvolvemos e evoluímos em nossa complexidade de mente. A expansão de consciência se faz necessária para ampliar nosso olhar para valores como empatia e coragem, criando uma nova mentalidade coletiva para enfrentar os maiores desafios desse século.

Nesse contexto, a liderança integral se torna cada vez mais importante. Se trata de um estágio de consciência e maturidade humana que requer tanto um conjunto de competências que englobam a capacidade de fazer e entregar resultados sustentáveis, quanto meta-competências que são relativas a Ser. Essas dizem respeito as capacidades fundamentais que sustentam tudo o que fazemos e se tornam profundamente entrelaçadas com a estrutura de quem somos e como organizamos e respondemos ao nosso mundo.

A metodologia do The Leadership Circle aponta três meta-competências que serão crucias para a eficácia de liderança e a performance dos negócios, principalmente daqui para frente:

1. Autoconsciência:

A autoconsciência começa com o questionamento de quem somos e como criamos significados no mundo. Isso acaba determinando nossa complexidade de mente e nossa identidade no mundo. Com humildade e altruísmo, muitos líderes têm se posicionado de uma forma aberta e presente para aprender com sua comunidade, demonstrando uma agilidade emocional frente as adversidades que aparecem em uma quantidade e velocidades crescentes.

Esses dias mesmo vi um CEO global reconhecer publicamente que os testes clínicos que sua equipe tinha feito não foram bem-sucedidos, que estavam tristes, mas que tiveram um grande aprendizado e manteriam sua determinação e paixão para encontrar as soluções e medicamentos que pudessem suportar os médicos nas melhores tomadas de decisões de tratamento para seus pacientes. Um grande exemplo de integridade, transparência e presença.

2. Conexão Afetiva

No momento em que um líder demonstra tal integridade, empatia e coragem de se comunicar com sua comunidade, ele naturalmente cria uma conexão afetiva e cuidadosa com cada membro dela. Ele promove espírito de equipe, colaboração em todo o sistema e um senso de pertencimento e valor inquestionáveis. Podemos ver também esse tipo de conexão e intimidade na liderança autêntica e genuína de líderes como Ângela Merkel, Bill Gates, Jacinda Ardem e muitas outras.

A capacidade de reconhecer erros, aprender rápido e colaborar têm proporcionado inovações não somente em produtos, mas principalmente em modos de como trabalhar, viver e realizar propósitos importantes e significativos para a sociedade.

3. Consciência Sistêmica

E quando começamos a perceber que as inovações necessárias para a preservação da vida e do nosso planeta passam por uma integridade do Ser e uma conexão afetiva nos relacionamentos com todos e com tudo, uma consciência sistêmica começa a emergir gerando visões inspiradoras do presente e do futuro. Na liderança integral, líderes conseguem perceber que fazem parte de uma teia maior em que a responsabilidade de cuidar das relações, das pessoas, da sociedade e da natureza é a sua maior responsabilidade no mundo atual.

Os líderes começam a compreender que seus propósitos e trazem sua vulnerabilidade emocional como a força motriz, a energia propulsora para executar suas estratégias e atingir uma visão que seja valiosa para o planeta, deixando assim um rastro de legado para outras gerações. Líderes que possuem uma visão sistêmica enxergam as pessoas e organizações em todas as suas dimensões.

O líder integral é, por premissa, um ser integral na sua complexidade e plenitude nos âmbitos de corpo, mente, coração e espírito que se integram acessando uma sabedoria e consciência muito ampla, tornando-o capaz de lidar com esse mundo cada vez mais complexo, volátil, incerto e ambíguo.

A pandemia gerou uma urgência por uma liderança integral e deixou claro como essas características serão importantes para atravessarmos esse momento. Uma liderança consciente fará a diferença nas empresas, organizações, comunidades e sociedades, moldando a história e preparando o futuro.

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