No momento em que a pandemia do coronavírus apresenta sinais de desaceleração, o Brasil se apressa na obtenção da vacina para livrar a população das medidas restritivas que o mal epidêmico deixa como rastro. Três vacinas logo estarão à disposição para imunizar as pessoas e permitir a volta à normalidade possível ou ao que muitos vêm qualificando como o “novo normal”. A federal Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) se prepara para aqui produzir a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford (Inglaterra), o Instituto Butantã (São Paulo) monta estrutura para fabricar a chinesa Coronavac, e o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) faz os preparativos para ter a vacina russa Sputnik V.
A Fiocruz já dispõe do aporte financeiro e da parceria com o Ministério da Saúde para iniciar a produção e testes. Em São Paulo, o governo estadual já começou os trabalhos e pede ao Ministério da Saúde o aporte de R$ 1,9 bilhão – quantia semelhante à empregada na Fiocruz – prometendo ter as vacinas para aplicação até dezembro. O Tecpar enviou esta semana seus executivos a Brasília para negociar com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) as licenças para produzir e testar a Sputnik V, com a previsão de ter o primeiro lote em 50 dias.
Sempre que ocorre um mal epidêmico, o rastro deixado causa transtornos porque, para evitar a reinfecção e a volta do mal, é preciso manter o quadro de restrições. Isso tumultua a vida das pessoas e debilita a economia porque muitos setores não conseguem funcionar a plena carga.
Com a chegada das vacinas, a tendência é logo poder chegar mais perto da normalidade. A função vacinal é dar imunidade ao indivíduo para, mesmo em contato com o vírus, não adquiri-lo de forma a adoecer e, principalmente, retransmitir. Os registros dizem que a pandemia da Gripe Espanhola, que chegou ao Brasil em 1918, além do seu pico e das mortes causadas, demorou dois anos para ser considerada extinta. Com os recursos científicos e a disposição ultimamente manifestada pelos cientistas e governos, certamente abreviaremos o tempo da restrição pós-Covid 19.
É importante destacar que as três instituições que hoje trazem ao Brasil as vacinas inglesa, chinesa e russa são centros de excelência. A Fundação Oswaldo Cruz é sucessora do Instituto Soroterápico Federal, onde o médico Oswaldo Cruz – cujo nome hoje é dado à instituição em sua homenagem – desenvolveu a vacinação contra a febre amarela, no começo do século passado. Esteve presente na imunização da população em todos os eventos epidêmicos que acometeram nosso país. Butantã e Tecpar são centros de excelência. É importante que o setor tenha todo o aporte financeiro e logístico dos governos para mais uma vez levar avante a tarefa de garantir a sanidade da população. E que os políticos, que tanto divergiram durante a pandemia, assimilem a lição de que, diante do perigo, todos perdem se não estiverem unidos e fortes…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br
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