CAUTELA E CALDO DE GALINHA

Temos observado com atenção o ufanismo exacerbado com que o grupo do agronegócio tem comemorado a excelente fase do campo brasileiro. As intensões de futuro da maioria do empresariado do agronegócio mostra uma tendência de aumento de área plantada e de investimento nas próximas safras e que muitos desses empresários já venderam antecipadamente parte importante das safras 20/21 e 21/22.

Alguns dados devem ser observados para evitar um tombo inesperado e um retrocesso no quadro do campo brasileiro. O aumento indiscriminado dos preços provoca a redução do consumo e, consequentemente, a estabilização das compras e, quase sempre, a sua redução sensível. O algodão já serve de comprovação desse argumento, pois, segundo os especialistas do mercado, haverá um excesso equivalente a uma safra internacional ao fim da atual colheita. Eles também afirmam que um terço do algodão colhido no Brasil vai ficar nos armazéns.

Temos que considerar um fator importante que minora essa tendência de supervalorização do mercado, observando o novo patamar alcançado pelos grandes empresários do setor e seguido por muitos dos menores, quanto ao planejamento e a utilização das mais modernas tecnologias de previsão e prospecção de mercado. Essa realidade de hoje diminui muito os riscos que corríamos quando a maioria do planejamento de safra era feito pela sensibilidade dos empreendedores e principais colaboradores.
Porém ainda impera no agronegócio brasileiro o efeito manada, onde o sucesso de uma decisão de plantio influencia diretamente a próxima safra e o plantio concentrado, provocando a queda dos preços e o desencanto dos plantadores. Na pecuária os efeitos são mais perigosos, uma vez que o ciclo de cria e engorda é muito mais longo e as previsões de médio e longo prazos são mais difíceis. Decisões de manter as vacas gordas para serem utilizadas como matrizes pode ser importante para o aumento do plantel, porém, se houver um decréscimo na venda de boi gordo no período, o excesso de produção de bezerros pode derrubar muito o preço.

Frederico Lohmann  é arquiteto e consultor

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