ILUSÃO DE ÓTICA

Quem chega pela primeira vez a Barra do Garças tem uma ótima impressão da cidade. A principal avenida que corta a cidade, agora na pandemia um pouco menos, mostra um comércio pujante e com ótimo aspecto. De maneira geral não vemos grandes focos de degradação ou comunidades de baixa renda ocupando as áreas públicas ou devolutas.

Urbanisticamente falando isso não é um bom sinal. Favelas, ou comunidades de baixa renda como são chamadas, são sinal de desenvolvimento acelerado e que precisam de atuação efetiva do poder público para não se consolidarem como áreas socialmente degradadas.

Quando não vemos o surgimento de novos loteamentos, quando não vemos a proliferação de obras particulares e quando não vemos a pressão pela implantação de obras públicas de educação e saúde significa que a cidade está se estagnando e o futuro não se delineia com os melhores perfis.

Esse é o quadro geral de Barra do Garças nos últimos anos. Como a cidade não tem crescido em índices significativos, ou seja, quando estamos economicamente devagar quase parando, sobram recursos para dar acabamento à infraestrutura urbana existente e os primeiros anos se conformam com a cidade cada vez mais bonita e bem tratada.

A tendência, porém, é que toda essa infraestrutura tenda a se degradar, pois sem desenvolvimento cada vez são menores os recursos para manutenção e ampliação da capacidade instalada. A degradação urbana é, em baixo desenvolvimento, lenta, porém irreversível.

O quadro normal de uma cidade em desenvolvimento é a sensação de um canteiro de obras e a pressão por novas obras públicas para suprir a demanda do aumento da população, seja vegetativa ou seja pela importação de novos grupos atraídos pelas oportunidades de trabalho e crescimento. Sempre podemos constatar que, uma cidade quando está crescendo a níveis recomendáveis, apresenta uma constante reclamação por insuficiência de serviços públicos. As administrações municipais sempre têm que correr atrás das novas demandas.

A baixa demanda por novas obras públicas, a aplicação dos recursos disponíveis em embelezamento urbano e por projetos não produtivos no sentido de serviços públicos e a redução das insatisfações pessoais com a qualidade urbana oferecida, se não representam um enriquecimento atípico por algum empreendimento extemporâneo, representam sempre estagnação urbana, social e econômica.