Frederico Lohmann
O Brasil vai de mal a pior. O governo federal tenta desesperadamente dar uma face de tranquilidade, mas a erupção latente do vulcão político brasileiro é irreversível, pois nada é obtido por falta de consenso entre as forças atuantes.
Mascarada pelos êxitos do agronegócio, as finanças públicas estão em colapso e a falta de reformas consistentes tende a agravar o quadro até a insolvência. Não encontramos ninguém disposto a atuar em prol do país e seu povo e todos buscam consolidar seus interesses políticos e econômicos, mesmo que a custa do caos geral.
Há muito que o Brasil não chegava a um patamar tão baixo no conceito e respeito internacional e os países que são nossos concorrentes diretos no comércio exterior cada vez mais se aproveitam das nossas debilidades para minar nossa liderança na produção de alimentos, única possibilidade de sobrevivência futura.
Um judiciário sanguessuga, um legislativo venal e um executivo incompetente formam a tempestade perfeita que pode e deve levar o Brasil a um conflito social de proporções dantescas. Nunca vimos tal conjunção de forças negativas e não vemos soluções que possam proteger o país do desastre.
O presidente Jair Bolsonaro foi eleito no efeito manada de promessas de mudanças radicais no perfil imposto pelos governos do PT e de colocar o Brasil nos trilhos novamente, embora esse novamente seja tão remoto que não consegue mais ser objetivo a seguir.
Eleito, considerou-se ungido pelo povo e desrespeitou as regras básicas da convivência política. Observe-se que não estamos defendendo a validade dessas regras. São elas que vem degradando o país há dezenas de anos e se Bolsonaro tivesse conseguido emplacar sua filosofia de mudar o Brasil, voltaríamos a sonhar com um futuro melhor.
A realidade já se mostrou e verificamos que nada será feito em prol do Brasil. Todas as medidas que venham a ser tomadas doravante serão apenas para atender os interesses espúrios dos governantes e legisladores brasileiros, com o beneplácito e também conivência de um legislativo inoperante e que vem sugando importantes recursos que poderiam ser aplicados em projetos de desenvolvimento. Não trabalham e não deixam trabalhar.
O próximo ano se inicia com novas gestões municipais em todo o Brasil e isso poderia ser um eivo de esperança. Ledo engano. Faltarão recursos, faltará vontade política, faltará honestidade, pois todos ou a maioria dos eleitos já vêm inoculados com o vírus da corrupção e dos malfeitos, e faltará, principalmente motivação, pois o povo não acredita mais em milagres e na capacidade e competência de seus governantes mudarem alguma coisa.
E não adiante buscar o apoio divino, pois Deus não agirá em prol de um Brasil em que se fazem tantas bandalheiras, desatinos, enganações e estelionatos em seu santo nome.
Frederico Lohmann é arquiteto e consultor
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