Frederico Lohmann
“Oh! Que saudades que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais”. Vou falar sobre saudade, mas não da minha infância em Barra do Garças, que não tive oportunidade de viver, e usei os primeiros versos do poema “Meus oito anos” apenas para ilustrar o tema.
Nos últimos anos me pego pensando nos bons momentos que vivi nessa cidade e tenho uma imensa saudade da praia do Quarto Crescente na temporada, dos sábados no Peixinho Campestre e dos churrascos de domingo no Iate Clube. Lembro também das noitadas no Porto Baé, na boate Grafiti e no inferninho do Juarez (Bahamas).
Gostaria de poder degustar os filhotes na telha do Batata e do Encontro da Águas, a picanha na brasa do Jesus, a feijoada do Pé da Serra e o cardápio sofisticado do Flutuante do Eduardo Português. Inesquecíveis também os acampamentos nas praias do Araguaia, na temporada, com suas pescarias transformadas em frituras no fogo de chão.
Saudades também dos meus grandes amigos Paulo Batista, João Manoel, João Bosco, Luiz Paulo e do arquiteto Dionísio Carlos, sempre com as suas esposas, do repórter Amarildo, do Marcão da Carpa Serrana, do Vasco e do Edgar Atallah e da Marley Arantes. Desculpe se esqueci alguém, mas minha memória já não corresponde ao desejo de revê-los.
Para completar, me lembro da disponibilidade de cerveja gelada a qualquer hora da noite ou madrugada, dos palitos de fósforo guardados para contabilizar os whyskis e não ser afanado pelos garçons e do atendimento vip do Ce Ki Sabe e da suíte 91 do Vem Comigo.
Não sei se ainda volto a Barra do Garças, possivelmente sim, mas sempre com a certeza de que aquela Barra dos fins de 80 não volta mais e só existe na memória de quem teve a honra de ser um “grand vivant” na capital do Araguaia.
Frederico Lohmann é arquiteto e consultor
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