Câncer de estômago: as diferentes formas e tratamentos disponíveis para cada caso

No Brasil, o câncer gástrico é o terceiro mais frequente entre homens e o quinto entre as mulheres, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA)

O câncer de estômago, também chamado de câncer gástrico, atinge geralmente pacientes entre 60 e 70 anos de idade. Segundo o INCA, 65% deles têm mais de 50 anos. Para 2020, a estimativa é de mais de 20 mil novos casos, 13 mil deles em homens e 7 mil em mulheres, e 14 mil mortes até o final do ano.

Antes da popularização dos refrigeradores domésticos, os tumores gástricos eram os mais incidentes entre os cânceres e os que causavam mais mortes. A correta conservação da comida e a redução da ingestão de alimentos impróprios para o consumo fez com que a incidência e as taxas de mortalidade caíssem. Mas os números ainda são altos e merecem atenção.

Em uma live ocorrida no mês de setembro, dois especialistas no assunto debateram o câncer gástrico, suas principais características, o diagnóstico e os tratamentos existentes atualmente.

O Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião geral e oncológico do Centro de Carcinomatose Peritoneal, destacou que os sintomas destes tumores são, em geral, muito inespecíficos, lembrando, por exemplo, os da gastrite.

“Não existe um sintoma específico do câncer gástrico. As principais queixas são dor, dificuldade para se alimentar, empachamento, refluxo e outros sintomas que se confundem com sintomas benignos. Por isso é muito difícil o diagnóstico precoce deste tipo de câncer.”

Há, no entanto, alguns sintomas que merecem atenção especial, destaca o Dr. Lucas dos Santos, médico oncologista clínico do grupo de tumores gastrointestinais da Beneficência Portuguesa de São Paulo – BP.

“Vômitos com bastante intensidade, com sangue, é um sinal de extrema importância, assim como sinais relacionados ao estado de saúde como um todo, como perda de peso e falta de apetite. Nestes casos, especialmente, é importante procurar um especialista para fazer uma avaliação médica o quanto antes”.

Os diferentes tipos

O câncer de estômago pode se desenvolver de diversas formas, com características diferentes. Em uma posição mais proximal, ou seja, mais próximo do esôfago, possui uma característica biológica distinta daquele que emerge nas porções finais do estômago, mais próximo do duodeno, explica o oncologista Dr. Lucas dos Santos.

“Há, ainda, aquele que antigamente era conhecido como câncer gástrico difuso, mas que hoje chamamos de câncer de células pouco coesas. Com um comportamento um pouquinho mais agressivo, sua resposta é também um pouco diferente aos tratamentos. Estas características peculiares entre as doenças precisam ser identificadas na avaliação inicial para que possamos tomar a abordagem mais apropriada”, revela o especialista.

Diagnóstico e tratamento

Ingerir alimentos mal conservados não é a única causa do câncer gástrico. Excesso de peso, consumo excessivo de álcool, tabagismo, outras doenças pré-existentes, exposição a algumas substâncias tóxicas e predisposição genética são outras questões importantes na incidência deste tipo de câncer.

As principais queixas dos pacientes geralmente estão relacionadas a questões mais simples, como a gastrite ou a esofagite e serão investigadas com um exame clínico e, provavelmente, o pedido de alguns testes complementares.

“Endoscopia, biópsia, tomografia e, em algumas situações, a ressonância magnética, poderão ser solicitados. Esses exames buscam identificar não apenas qual a origem dos sintomas, mas também, no caso de um câncer, se a doença saiu do local inicial e foi para outros órgãos, como pulmão, fígado e peritônio, que é a membrana que recobre as nossas vísceras”, explica o Dr. Lucas.

Com a confirmação do diagnóstico de câncer, outros exames mais específicos poderão ser solicitados.

“Um deles é a avaliação molecular, pois algumas neoplasias têm proteínas ou genes anormais, que precisam ser pesquisados, pois podem impactar na escolha do tratamento, principalmente com quimioterapia. Outro exame é o PET-CT, que funde o exame de tomografia com o Pet-Scan, em busca de tecidos com alto metabolismo, que é o caso dos tumores, nos ajudando a localizar metástases.”

Uma terceira forma de avaliação é especialmente indicada no caso de pacientes com a doença aparentemente localizada no estômago ou em algum linfonodo ao redor. Trata-se da laparoscopia diagnóstica, realizada por cirurgião oncológico, que é a especialidade do Dr. Arnaldo Urbano Ruiz.

“Neste exame, é possível enxergar toda a membrana peritoneal e saber se existe algum nódulo naquela região. Assim, sabemos se estamos diante de uma doença mais avançada, pois se confirmado, precisaremos de uma estratégia de tratamento diferente”, explica.

Disseminação peritoneal

Em alguns casos, o câncer gástrico é diagnosticado já em estágio avançado, e a doença já não está mais localizada apenas no estômago.

“A disseminação peritoneal é um tipo de metástase, podendo atingir o fígado ou os pulmões. Alguns destes pacientes com câncer gástrico terão a carcinomatose peritoneal, que é a disseminação no peritônio. Para estes casos, existe a possibilidade da retirada do peritônio doente e aplicação de quimioterapia quente no abdômen. Não é indicada para todos os casos, mas uma pequena parcela dos pacientes poderá se beneficiar deste procedimento”, explica o Dr. Arnaldo.

Outra técnica moderna, disponível no país em hospitais especializados, é a PIPAC, uma quimioterapia aerossol indicada em alguns casos específicos.

“É importante deixar claro que nem todos os pacientes poderão receber este tipo de tratamento. Somente um especialista poderá avaliar quais as opções cada caso terá disponíveis e quais os benefícios cada um deles poderá oferecer. Se uma cirurgia não for bem indicada, ela pode até mesmo prejudicar ao invés de ajudar”, alerta.

Live Câncer Gástrico e Carcinomatose Peritoneal

Em setembro, o Dr. Arnaldo Urbano Ruiz e o Dr. Lucas dos Santos participaram de uma live sobre Câncer Gástrico e Carcinomatose Peritoneal. Em um bate-papo descontraído, conversaram sobre os principais tipos de câncer, que acometem a região gástrica e os tratamentos disponíveis atualmente no Brasil, com a participação, ao vivo, de mais de 200 pessoas .

A live segue disponível na página do facebook do Centro de Carcinomatose Peritoneal e no canal do Youtube do dr. Arnaldo e já conta com quase 900 visualizações. 

Monica Kulcsar (MK Comunicação) 

Seja o primeiro a comentar sobre "Câncer de estômago: as diferentes formas e tratamentos disponíveis para cada caso"

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado.


*