O suplício dos Rios Garças e Araguaia

Fotos: Johnatha Moura Martinel

Clodoaldo Carvalho Queiroz 

O fim de mais um inverno  seco aproxima-se em nossa região e a cicatriz do processo de assoreamento dos Rios Garças e Araguaia se destacam na paisagem. A presença intensa dos bancos de areia promove as migrações laterais do canal principal a partir de processos de construção-desconstrução das margens e a remobilização de sedimentos.

A migração lateral do canal principal é determinada, em grande parte, pela atuação de mecanismos (sequenciais ou não) que obedecem à tentativa do rio de melhorar a sua capacidade de transporte, em resposta ao incremento substancial do aporte de sedimentos.

Ações antrópicas associadas as ações naturais estão acelerando o processo de sedimentação nos canais e vitimando os rios, ambiente anteriormente rico em fauna aquática. Importante lembrar que na Bacia hidrográfica do Araguaia registra-se a presença das duas maiores espécies de peixe do continente o pirarucuArapaima gigas e o piraíba– filhoteBrachyplatystomafilamentosum, são animais topo de cadeia alimentar.

Urge a união de diversos setores da sociedade no sentido de impor e desenvolver atividades de contenção desse processo tão acelerado de assoreamento dos rios. E, sem dúvida, não é mais uma questão só de pesquisa é de Ação. Iniciativas como a do vereador Claudio Freitas do município do Pontal do Araguaia requerendo audiência pública pelo Estado para tratar deste importante Tema são exemplos importante nessa luta.

O que determinará um início de revitalização na bacia hidrográfica será adoção maciça das técnicas conservacionistas de solo e água nas áreas de uso produtivo do campo e nas estradas vicinais, ex.: terraços e barraginhas. Além da recuperação das áreas de preservação permanente APP´se principalmente com a valoração às nascentes não se limitando a Lei 12.651/2012.

Há com certeza custos que extrapolam a capacidade individual de alguns produtores em poder atender a essa demanda conservacionista, entretanto há soluções para esse processo e não se pode ficar de braços cruzados aguardando mudanças de Lei Ambiental ou benefícios de terceiros. Os produtores mais conscientes estão agindo e já estão observando o valor dos serviços ambientais promovidos, garantindo assim maior “produção de água”.

Os Rios Garças e Araguaia e seus afluentes estão, em nosso trecho de convivência, deixando evidente na paisagem o seu suplício. Hora de agir.

Clodoaldo Carvalho QueirozPres. do Comitê da Bacia dos Afluentes do Alto Araguaia 

Fotos: Johnatha Moura Martinel

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