Parada cardíaca em menina teria sido pela vacina?


A vacinação das crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 apresentou seu primeiro obstáculo. É a oportunidade para eliminar (ou pelo menos diminuir) as dúvidas dos pais sobre a aplicação do imunizante nos filhos. Uma menina de 10 anos, vacinada em Lençóis Paulista, sofreu parada cardíaca e está internada em tratamento e observação. O município suspendeu por sete dias a aplicação da vacina nessa faixa etária, até que se conheça o resultado da investigação. Apesar de lamentável e incômodo, o incidente requer empenho e ação da comunidade cientifica brasileira para o seus esclarecimento e conclusões sobre os possíveis efeitos colaterais da vacina em crianças. Anvisa, Ministério da Saúde, Secretaria de Saúde de São Paulo e os centros nacionais do saber nessa área devem ir fundo na prospecção do ocorrido. Essa conclusão, dependendo do seu teor, poderá servir tanto para tranquilizar a população, quanto para suspender ou alterar o esquema de administração da vacina.

A conclusão a dos cientistas brasileiros desperta o interesse em todo o mundo, inclusive na Organização Mundial da Saúde, que já está ciente do ocorrido no interior paulista e aguardando os informes. Em todos os países, os pais – que durante dois anos ouviram dizer não haver necessidade de vacinar as crianças – têm hoje justificadas dúvidas quando são chamados a levá-las, até obrigatoriamente, para imunização. O fato concreto de Lençóis Paulista deverá contribuir para o esclarecimento da questão. Mesmo que, por razões éticas, o histórico de saúde da pequena vítima não possa ser divulgado, ele será de fundamental importância para as autoridades de saúde decidirem pela continuidade da vacinação como está ou por alterações cientificamente indicadas como, por exemplo, a vacinação somente por requisição médica, conforme já foi sugerido. Tudo tem de ser feito para evitar novas ocorrências do gênero.

O país possui especialistas altamente qualificados e respeitados no mundo científico para dar as respostas que o momento exige. O incidente de Lençóis Paulista – que hoje é notícia internacional  – deverá gerar conhecimento para a solução do problema em todo o planeta. Por ser de interesse da ciência, não será tratado sob o prisma ideológico, político ou judiciário. A propósito, o despacho do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, deveria ser revisto, possivelmente por ele mesmo. Provocado pelo partido Rede Sustentabilidade, o magistrado determina ao Ministério Público das 27 unidades federativas fiscalizar os pais que não estão vacinando os filhos contra a covid-19, inclusive com a eventual aplicação de penalidades. Seria o caso de agora indagar o que fazer na outra ponta, em relação àqueles que vacinaram e os filhos tiveram problemas, como o da menina de Lençóis Paulista.


Data vênia, os políticos não deveriam se envolver e jamais acionar o Poder Judiciário nessa questão – o direito do indivíduo de receber ou não um medicamento – e o Judiciário poderia abster-se de acolher as demandas partidárias, na maioria das vezes despidas de qualquer caráter cientifico, mas cobertas por claros objetivos político-eleitoreiros. Que se respeite o direito do cidadão e as autoridades administrativas – notadamente as da Saúde – cumpram suas obrigações sem quaisquer pressões ou imposições. Se for questionar os pais que não vacinarem, é preciso também ir atrás dos 20 milhões de adultos que fugiram da vacina, o que seria impraticável.

O ideal seria que todos se vacinassem, já que esta é a política oficial adotada para o combate à pandemia. Mas vivemos num estado democrático de direito onde jamais poderá ser ignorada a prerrogativa do cidadão de aceitar ou não a droga que lhe seja ofertada. Precisamos de paz para enfrentar a tormenta que, por si, é devastadora. Seu aproveitamento político e o acionamento do  torniquete judicial são flagrantes injustiças e em nada contribuem para o fim do sofrimento da população. Que se pronuncie a ciência, sem qualquer interferência de quem não seja do ramo e possa ter interesses diferentes do que a solução do problema…   

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 
aspomilpm@terra.com.br    

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