Por Giovanni Lorenzon/Money Times
A confusão que a JBS (JBSS3) está armando no Mato Grosso, com paralisações temporárias de plantas e outras até definitivas, em situação ainda sendo levantada por agentes locais, tem nome e sobrenome: tem boi comum sobrando para mercado interno sem fome.
Tanto é que a unidade de Barra do Garças, a única habilitada para exportação China, não foi tocada.
A entressafra não foi das mais fortes, o ciclo da pecuária se inverteu, com menos fêmeas sendo retidas para cria, e o maior frigorifico mundial só está querendo dar conta de boi com premiação.
A JBS foi consultada através da sua assessoria – e Money Times atualizará este texto se vier alguma resposta –, mas o cenário conhecido pela Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat) até o momento é mais ou menos o seguinte.
A planta de Juína e Juara teriam sido fechadas. As de Alta Floresta, Colíder e Pontes e Lacerda entraram em férias coletivas. Sobraram também para unidades do Pará (Redenção e Tucumã) e do Mato Grosso do Sul (Nova Andradina).
“Quando falta boi, sim, é comum e normal haver paralisações temporárias, mas agora não é o caso”, diz Francisco Manzi, superintendente da Acrimat, que também está ainda meio perdida procedendo a um levantamento real do cenário.
O caso está levando ao derretimento do boi. Segundo fontes de produtores, que preferem não divulgar seus nomes temendo represálias – ou seja, sair das escalas futuras, se e quando houver -, nesta última quarta (10/08) caiu cerca de R$ 10.
No dia (07) já havia caído cerca de R$ 7.
Tem boi comum a R$ 260 e boi China, com premiação, já a R$ 290.
À exceção de Pontes e Lacerda, no Sudoeste, o prejuízo maior é no vasto Norte do estado, compreendendo as pontas Nordeste e Noroeste. Lá a JBS quase não tem concorrência, sobra boi porque foi a região menos atingida pela seca de inverno, e, como Manzi comenta, o produtor não tem onde entregar para abater.
Para aqueles que ainda estão suplementando o gado, por exemplo, fica pior ainda. O boi não pode esperar para morrer.
Então, os pequenos frigoríficos que restam vão acabar se aproveitando também. Para buscar gado – o transporte é da indústria – mais longe, vão pagar muito menos.
A quantidade da mexida que a JBS está dando na região está abalando os produtores.
Quer escalar? “Não”
Segundo Manzi, quem entrou em contato “para escalar” com as unidades que costumavam operar, foi informado que não ia ter compra, e agora são sabem o que fazer com os lotes prontos.
E, como as informações são poucas, o temor é de enquanto não houver nada mais claro, o grupo dos irmãos Batista continuará surfando, porque certamente as cotações vão para novos pisos.
Aí, mesmo sendo boi comum, claro, o JBS volta a comprar de tão barato que vai estar.
Não à toa, complementa Francisco Manzi, a Acrimat reconhece a situação da proteína de boi perante o consumo, “mas na região de Cuiabá tem cinco grupos de donos diferentes e todos estão operando normalmente”.
Para Marcos Jacinto, produtor de nelore de Canarana, o cenário tem que ser entendido pelo tamanho que o JBS ficou, “favorecido pelos governos anteriores”, e longe demais sobre os outros em termos de tamanho.
O grupo “fecha plantas” sempre que se sentiria pressionado e não guarda relação com seus “parceiros fornecedores”.
Embora admita que falta dinheiro para a população comprar carne, Jacinto comenta, por exemplo, o caso da unidade de sua cidade, que foi fechada de um dia para outro, já há algum tempo, sem maiores explicações.
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