As eleições e a queda dos figurões

Dezenas de cardeais da política – talvez centenas se consultadas as 27 unidades da Federação – foram rebaixados pela irrisória votação recebida. Ex-ministros, ex-governadores e personalidades de diferentes áreas (inclusive da Ciência) não tiveram a exposição midiática de sua atuação convertida em votos. O senador que concorreu a deputado e não se elegeu. A deputada que despencou de um milhão para 13 mil votos. Essa e muitas outras verdades sobre o quadro politico-eleitoral vigente fazem a crônica dos votos apurados após o pleito de 2 de outubro. A lista está disponível em diferentes fontes da internet para o interessado consultar e tirar suas próprias conclusões.

São Paulo, que sai do domínio trintenário do PSDB, ainda vive o descompasso experimentado pela área federal, de ter um governo “novo” a partir de 1° de janeiro, mas continuar com um parlamento “velho”. Na área federal isso termina com a posse de deputados federais e senadores neste 1° de fevereiro, mas os paulistas continuarão com a velha Assembleia até 15 de março, quando os eleitos tomarão posse. Enquanto isso, o governador Tarcísio Gomes de Freitas busca colocar a máquina do seu jeito. Já foi a Davos (Suiça) encontrar-se com possíveis investidores na economia local, reuniu-se com o presidente Lula pela privatização do porto de Santos e outros temas que envolvem Estado e União, e com o prefeito de São Paulo para tratar da cracolândia. Também prepara medidas para a área da Segurança Pública, inclusive, a melhora nas condições do aparelho policial. São dois meses e meio de transição, já que a Constituição Paulista estabelece a posse em março.

Mais do que a derrocada de figurões da política e a inviabilidade eleitoral de expoentes de outras áreas da sociedade, o boletim final das urnas de 2 de outubro explicita a inconveniência de um número tão elevado de partidos: 30 registrados e mais de 70 com pedido de registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Cada partido político tem o direito de apresentar um candidato para o cargo majoritário (presidente da República, governador de Estado, prefeito ou senador) e 150% do número de cagas nas eleições proporcionais (para a Câmara dos deputados, Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais). Apenas para exemplificar, no caso da Assembleia Legislativa de São Paulo, composta por 94 deputados, cada partido poderia apresentar até 141 concorrentes, um número absolutamente impossível de se alcançar.

ara atingir um mínimo de candidaturas, os partidos correm atrás de quadros que possam ter alguma visibilidade, pouco se importando se têm (ou não) reais possibilidades de eleição. É mais importante que levem alguma votação ao quociente do partido e a soma possibilite a eleição de alguns filiados. É por isso que muitas figuras de destaque em seu meio acabam se dando mal no ambiente eleitoral.

Essa profusão de partidos é um problema a ser resolvido. O Tribunal superior Eleitoral já regulamentou a formação de federações, onde os partidos podem se reunir em federações e assim atuar. O ideal será o dia em que as agremiações inviáveis busquem abrigo dentro das siglas maiores da mesma ideologia e passem a atuar como segmentos. Se isso vier a acontecer, as eleições tenderão a ser menos onerosas e não haverá número tão elevado de candidatos sabidamente inviáveis e – muitos deles – iludidos por chefes partidários que se preocupam mais com as sigla do que com os filiados.

O Congresso que agora começa seus trabalhos tem todas as condições – e a obrigação – de buscar a sustentabilidade do quadro partidário. Ela fará muito bem à vida política brasileira..

 Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

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