Balões, naves, ETs e fake news…

No retiro de Carnaval, coloco-me a pensar sobre os objetos que começaram a surgir nos céus dos Estados Unidos e Canadá e são abatidos pelas forças de defesa. Pelo menos um deles era o balão que a China, sua lançadora, diz ser para pesquisa meteorológica e que teria desgarrado da rota estabelecida, enquanto os yankees desconfiam ser uma estação de espionagem propositalmente enviada ao seu território. A análise dos destroços dirá a que se prestava o engenho.

O surgimento dos balões fragiliza as relações entre EUA e China, países detentores da primeira e da segunda economias do Planeta, respectivamente. Por causa do incidente, o secretário de Estado americano cancelou a viagem oficial que faria à China e a diplomacia dos dois países terá uma dura conversação. Fala-se, até, na possível deflagração de nova Guerra Fria, nos moldes daquela que existiu no passado entre EUA e União Soviética, algo indesejável no mundo globalizado de hoje. Mas também há quem acredite na possibilidade de, em meio aos balões, existirem OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados), tripulados por extraterrestres. As autoridades negam, mas isso não cessa as especulações comuns de todas as vezes que aparece algo diferente ou estranho no céu: estar o mundo prestes a acabar.

A estória do fim do Mundo é antiga. Há registros desde  muitos anos a/c (antes de Cristo) e, ao longo dos séculos, foi difundida até por notórias  criaturas – Sandro Botticelli,  Nostradamus, Martinho Lutero, Cristóvão Colombo, vários papas e outros líderes religiosos e ate por membros de governos e estudiosos das universidades – mas, felizmente, nada aconteceu. Essas, sim, são as verdadeiras fake news, termo só popularizado recentemente. Sua maior utilidade, até o momento, é para o cinema e a TV, que já produziram muitos filmes e séries especulativas sobre o tema.

A primeira grande fake news de dimensões mundiais no ramo foi o anúncio do radialista (e cineasta) Orson Wells que, em Nova York, pela Rádio CBS,.na noite de 30 de outubro de 1938, “narrou” a imaginária invasão dos extraterrestres que, segundo disse, teriam pousado em Chicago e St. Louis, aniquilado as forças de segurança e envenenado o ar com gás tóxico. A emissão radiofônica colocou em pânico pelo menos um milhão de norte-americanos até ser desmentida e revelado o seu real objetivo: chamar a atenção para a peça radiofônica de ficção científica “A Guerra dos Mundos”, que seria transmitida pela emissora. Wells chegou a ser investigado, mas não foi apenado por não haver, na época, no ordenamento jurídico dos EUA, lei que punisse o  seu comportamento.

Já o suposto “fim do Mundo”, mesmo rendendo argumento para as atividades cinematográficas, há muito não desperta interesse e, muito menos, pânico. No século passado, foi anunciado uma centena de vezes e agora, em pleno Século 21, já foram 21 datas previstas – uma por ano, em média. Há previsões para o futuro, até aquela que anuncia o fim de tudo no ano 11.120, isto é, dentro de 9.097 anos. Como nenhum de nós viverá até lá, o mais sensato é pensar que o mundo só acabará, para o indivíduo, quando ele morrer. E, mesmo assim, com ressalvas para os que acreditam na vida eterna, reencarnação e outras crenças filosóficas ou religiosas.

Sou obrigado a admitir que estive presente em todas as datas em que o mundo deveria ter acabado (e não acabou). Na virada dos anos 50 para os 60, cheguei a ver o pânico no rosto das pessoas quando, precisamente naquele dia, o céu foi marcado pela fumaça das turbinas de um jato, cena incomum naquele tempo e, poucos anos depois, na data anunciada para o apocalipse, a ocorrência de um eclipse solar.  Só me resta desacreditar na suposta chegada de extraterrestres e, principalmente, nas alarmistas previsões do fim de tudo. Puras fake-news
Bom Carnaval a todos, sem balões, Ets ou notícias falsas…
 
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br   

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