Rede social, o gigante que inspira cuidado

Em 1995,no tempo da internet movida a carvão – conforme costuma dizer um amigo bem-humorado – surgiu, nos Estados Unidos, a primeira rede social do meio eletrônico-digital. Seu objetivo era simplório: reconectar os companheiros de escola cujos compromissos pós-formatura afastaram. No Brasil, o fenômeno deu-se em 2004, com chegada de Orkut e Facebook.

A ideia não passava de proporcionar o reencontro com os bons parceiros do colégio ou da faculdade ou. – na versão brasileira – substituir os encontros e conversas de vizinhos com cadeiras na calçada, que o tempo tornou proibitivos em razão da escalada da violência urbana.

Com a tecnologia dos computadores evoluindo e os aparelhos tornando-se cada dia menores, autônomos e pessoais, não demorou a descoberta de múltiplas utilidades para aquilo que parecia ser apenas a ferramenta de ação entre amigos. A rede possibilitou a interação entre indivíduos moradores e atuantes em localidades distantes e até em outros países. As ditas redes sociais passaram logo a alavancar negócios, facilitar a troca de informações científicas, culturais e outras.

Os recursos da rede logo chamaram a atenção do meio politico, que passou a utilizá-los em lugar dos tradicionais comícios e meios de comunicação até então empregados. Chamou a atenção o movimento denominado Primavera Árabe que, a partir de dezembro de 2010, varreu o Oriente Médio e o Norte da África com manifestações e protestos convocados pela internet, que derrubaram governos e mudaram o perfil geopolítico daquela tensa região. A partir de então, a rede ganhou peso incomum nas disputas eleitorais e atividades sociais.

Lembremos que, em 2018, depois de esfaqueado, Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República enquanto estava preso ao peito do hospital e sua equipe tocava a campanha pela internet. No ano passado a rede foi intensivamente usada em campanha e, depois, nos protestos que desaguaram no quebra-quebra do Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, também chamados e organizados pelo computador e smartphone.

A internet e as redes sociais, com o passar do tempo, transformaram-se em artigos de primeira necessidade. A sociedade já não consegue viver sem utilizá-las. É por isso que o Governo fracassou ao tentar aprovar na Câmara dos Deputados o discutível projeto cuja justificativa é acabar com as Fale News mas, na verdade; nada mais é do que a instituição da censura, que é inconstitucional em nosso País.

Ainda tentam controlar as redes sociais. A Justiça tem jogado pesado contra seus operadores. O Governo busca controlar o setor, mas a sociedade usuária reage. Ainda restam como pendências as apurações dos episódios de 8 de janeiro, que será objeto de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso Nacional. Muita água deverá passar debaixo dessa ponte e, se houver falta de habilidade, podem voltar a ocorrer distúrbios. Pensamos que as operadoras de redes sociais – que se transformaram em gigantes – devem ser submetidas ao mesmo controle dos veículos tradicionais de comunicação, que não são censurados, mas têm obrigações e regras a seguir. E que o Governo, o Parlamento e a Justiça jamais poderão se arvorar no direito de controlá-las. Cada ente deve fazer apenas aquilo que a legislação lhe atribui como obrigação, sem inovar e nem agravar situações. Toda rosca apertada além de sua capacidade, tende a espanar e – no caso da falta de internet e redes sociais – ninguém é capaz de prever o tamanho das consequências…

Tenente Dirceu  Cardoso Gonçalves

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