O feminismo e a guerra dos sexos

Desde Betty Friedan, a notória líder feminista do século passado, a humanidade vive a grande controvérsia de gênero. As mulheres foram estimuladas a lutar contra a hegemonia dos homens e tanto elas quanto eles perderam o sossego. O que devia ser uma relação sensata, harmoniosa, complementar e amorosa tornou-se uma briga sem fim. As justas reclamações pela adequada divisão do bolo descambaram na terra de absurdos onde um gênero passou a desafiar o outro a realizar tarefas incompatíveis com sua fisiologia (as mulheres a descarregar caminhão de tijolos ou de sacaria pesada e os homens a realizar atividades tipicamente femininas, até mesmo a dar à luz).
A profusão de inconsequências levou à disputa desmedida. Os resultados do movimento certamente teriam sido melhores se, em vez da luta os dois gêneros tivessem agido de forma complementar e com muito respeito. Como não ocorreu, vemos hoje a luta instalada e sem qualquer perspectiva do desejável final feliz.

A politização do feminismo leva a atos e atitudes extremos e disso aproveitam-se os politiqueiros para – independente de serem homens ou mulheres – tentarem arrebatar o voto feminino. Por conta disso já se inventou o percentual de candidaturas femininas que cada partido político tem de apresentar, as cotas em concurso e vestibulares (que além do feminino também privilegiam negros, indígenas e outras minorias) e por conta dessas variantes, a solução do conflito se apresenta cada dia mais distante. Quando há a escolha de candidaturas – desde a presidente da República até a pequenos postos municipais – os instrumentos de pressão são acionados para a escolhida ser uma mulher e, na maioria das vezes, negra ou transexual. Agora, mesmo, a discussão está no Supremo Tribunal Federal, onde a ministra Rosa Weber vai se aposentar e já se movimentam pela indicação de outra mulher.

Pensamos que o encaminhamento da questão de gêneros não pode ser resultado de campanhas radicais e nem do oportunismo de uns e outros. É preciso observar que antes de ser homem ou mulher são seres humanos dotados de características próprias que devem ser ressaltadas na sua universalidade e respeitadas na diversidade. Homem e mulher foram criados para conviver e partilhar de um mesmo ambiente. As questões do passado que levaram o homem a melhores oportunidades não devem ser tratadas com disputa, mas por ações inteligentes e, na medida do possível, pacíficas.

Apesar das impropriedades da disputa, as mulheres evoluíram bastante e galgaram importante posições na sociedade pos-feminista. Hoje elas são parlamentares, ministras, magistradas, policiais e exercem importantes atividades que antigamente eram privativas do homem. Lembramos que até 1932 – o que não é um tempo tão grande se visto do ponto-de-vista histórico – a mulher brasileira não votava e, logicamente, também não podia ser votada.
Infelizmente, a evolução da sociedade e principalmente da política brasileira tem ocorrido à sombra de interesses de grupos e até mesmo de certas lideranças que fazem o proselitismo do interesse geral para conquistar o povo mas, na hora de tomar as medidas, o fazem com vínculo a interesses setoriais. É por isso que vivemos a cada dia que passa, uma sociedade mais problemática e distante da solução dos problemas que por décadas foram pontuados à população como de solução necessária.

A questão da escolha de homem, mulher, negro, branco, indígena ou qualquer outro segmento humano jamais deveria ser elemento preferencial ou excludente. Quem tiver a tarefa de escolher os futuros ocupantes dos postos em aberto deve, antes de tudo, verificar a formação dos candidatos, as respectivas folhas de trabalho, a inexistência de excludentes criminais e outras conveniências da função que exercerá. E só depois de tabuladas todas essas variáveis, verificar se masculino ou feminino e – mais que isso – não atribuir qualquer peso a essa variação pois, para a maioria das funções, pouca importa ser homem ou mulher, desde que os requisitos específicos à atividade estejam presentes. No caso da sucessão de Rosa Weber, que diferença haverá se ali tivermos uma nova ministra ou um ministro, se ambos forem bem preparados e competentes?

Não esquecer que homem e mulher são fundamentais para a vida. Existem para se complementarem pois, sem isso, a própria espécie perecerá por falta de reprodução. Quem tem função e importância tão vital, jamais deveria guerrear por causa das ações da sociedade – criadas pelo ser humano – que, com inteligência e paciência, podem ser modificadas e servirem igualmente a todos. A dita supremacia do homem vem do tempo em que tudo era executado pela força física. Era o homem que caçava, plantava e colhia manualmente, e exercia toda atividade com sua força e a mulher só cuidava da casa. Com a chegada da tecnologia, a força humana foi dispensada e hoje tanto homem quanto mulher trabalham com computadores e outros engenhos que, bem operado, fazem de uma vez o serviço de dezenas, até centenas de humanos. Temos a certeza de que, da mesma forma que a natureza resolve seus problemas ambientais, o ser humano também utilizará sua inteligência e habilidades para, num tempo não muito distante, ter resolvidos os gargalos do feminismo que hoje antagonizam homem e mulher…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br

Seja o primeiro a comentar sobre "O feminismo e a guerra dos sexos"

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado.


*