A reforma argentina e a crise Venezuela-Guiana

Duas situações chamam a atenção de todos nós, brasileiros. Ao sul, o começo do governo do libertário Javier Milei, que começa a reformar e desesquerdizar a Argentina e, ao norte, o olho grande do controverso presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que reivindica a posse de 70% do território da Guiana, onde recentemente foram descobertas grandes reservas de petróleo, cobre e diamantes. São duas questões que devem estar preocupando o mundo todo porque podem levar à instabilidade política e até à guerra com o envolvimento de grandes potências bélicas.

Milei já editou mais de 300 decretos que modificam a economia argentina, colocam as empresas estatais – inclusive a petrolífera – na rota da privatização, alteram a política monetária e combatem o empreguismo implantado pelos governos peronistas-kirchneristas, aos quais derrotou nas urnas. Dentre as medidas, está a demissão de 7 mil funcionários públicos admitidos recentemente como forma de enfrentar a crise econômica. O Congresso ameaça fazer corpo mole para apreciar as mudanças e os sindicatos dizem que vão decretar uma greve geral. Mas o presidente já advertiu: se isso acontecer, chamará um referendo popular para pedir a aprovação (ou rejeição) direta do povo às medidas decretadas.

Nicolás Maduro busca faturar prestígio político junto à população venezuelana e poderá fazer uma campanha estelionatária para renovar o seu mandato presidencial. Mas dificilmente invadirá o território da Guiana por algumas razões. Teria de transitar com suas tropas por território brasileiro, e os nossos militares já disseram não admitir essa hipótese. Se chegar à área pretendida encontrará as forças dos Estados Unidos, com quem o vizinho país tem acordo de cooperação militar. E, de quebra, trombará com o HMS Trent, o navio de guerra que a Inglaterra despachou no último dia 24 para as águas da Guiana (que foi colônia inglesa até a sua independências, em 1966) com a finalidade de defendê-la. As três variáveis inviabilizam qualquer pretensão venezuelana.

O Brasil – especialmente o governo brasileiro – precisa acompanhar prudentemente as duas crises, já que temos extensas fronteiras com os três países envolvidos. Da Argentina esperamos que restem algumas medidas de aperfeiçoamento do Estado que possam nos servir como exemplos. Coisas como evitar super salários ao funcionalismo de alto grau, penduricalhos e outros abusos de que se comete com o dinheiro público. Da Venezuela não devemos esperar nada, pois aquele país vive uma crise sem precedentes e já nos onerou por socorrer milhares de flagelados que, não conseguindo viver na sua pátria, fugiram para o Brasil. Basta esperarmos que o regime chavista chegue ao seu ponto final e os venezuelanos possam voltar a respirar democracia e reorganizar seu país. Quanto à Guiana, ainda poderá revelar-se boa parceira, já que monta a indústria petrolífera numa região onde o Brasil também possui reservas e luta para que o ativismo ambiental não nos leve a deixá-las inexploradas.

Espera-se que a Argentina encontre o seu caminho e volte a ser a nação florescente e próspera de outrora, sem o risco de cair novamente no peronismo-kirchnerismo e nem na ditadura. Que a Venezuela também recupere suas liberdades e o vigor econômico que em outras épocas o petróleo lhe proporcionou. E que a Guiana, finalmente, agora bafejada pelo petróleo, cobre e diamantes de seu subsolo, entre para o rol das regiões prósperas e desenvolvidas do continente sul americano. Importante: o Brasil fará muito se permanecer isento e até calado nessas questões. As sugestões para que atue como mediador desses conflitos pode ser boa p ara os contendores, mas não para nós, brasileiros. As recentes incursões internacionais de Lula são testemunhas dessas realidades…
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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 
aspomilpm@terra.com.br     

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