Polícia, criminosos e críticos

Toda vez que o governante estadual determina que sua polícia atue com rigor contra os esquemas criminosos, aparecem políticos, politiqueiros e até quem deveria se abster, emitindo críticas ao trabalho. Pouco adianta estabelecer uma linha de corte e concluir como a polícia deveria agir. Se com armamento pesado, desarmada ou até com as antigas espingardas picapau. A atividade policial é o remédio amargo para um mal já instalado e o seu resultado, embora atenda às aspirações de uma parcela da população, descontenta outra que pensa de forma oposta. Sempre foi assim e continua; sendo.

O ideal seria vivermos numa sociedade sem crime nem contravenção, onde nem houvesse a necessidade de manter uma força policial ou esta pudesse ser iguais às do passado, cuja maior tarefa era participar das honras de Estado (tipo Dragões da Independência nos áureos tempos). Mas, infelizmente, não é assim. Por muitas razões – que seria desnecessário e enfadonho aqui enumerar – somos uma sociedade problemática, que vive ameaçada pela violência e armas do crime. O governante responsável não possui à sua disposição alternativa diferente de enfrentar os criminosos e, sempre que possível, encarcerá-lo para fins de ressocialização. Como movimentos antagônicos, polícia e criminosos entram em confronto e as baixas são inevitáveis. Triste realidade que, na visão de muitos policiais, constitui uma ação semelhante ao enxugar de gelo.

Tivemos, ao longo das décadas, governos ineficientes por conta da posição político-ideológica dos seus titulares que escolheram, em vez de combater, passar a mão na cabeça dos criminosos, que consideram ser “vitimas” da sociedade. Resultado: há hoje nas ruas brasileiras milhares de criminosos profissionais e, incrustados no sistema prisional, o PCC (Primeiro Comando da Capital), surgido em São Paulo e hoje ampliado até para o exterior, o carioca Comando Vermelho e 70 outras organizações criminosas. É preciso fazer algo de imediato para que não dominem a sociedade pela violência ou – o pior – pela difusão de sua ideologia. É  necessário evitar que subjuguem por completo a população. E, para enfrentar inimigos armados, só com estratégias e armas. Polícia desarmada é mero sonho de desconhecedores do problema ou mal-intencionados.

Pensamos que o trabalho da polícia é igual ao dos bombeiros, que apagam o incêndio, mas pouco ou nada podem fazer para evitar que o fogo volte a pegar no mesmo lugar. A ação policial, em suas diferentes fases, inibe a ação desabrida dos criminosos mas não consegue impedir que eles mudem de território e continuem cometendo os mesmo atos. No entanto, é preciso enfrentar pois o não enfrentamento conduz ao caos.

O verdadeiro trabalho que qualquer governo pode realizar para evitar o crime é garantir educação, trabalho, alimentação e outros insumos à população para impedir que o chefe de família e principalmente o jovem, por falta de opção de trabalho e renda, entregue-se ao crime organizado, vire seu soldado e escravo porque, devendo a proteção, jamais poderá se desvencilhar.

Quem tenta fazer Segurança Pública com o emprego de ideologia e dentro da filosofia do perdão aos maus comportamentos, só consegue piorar o quadro e tornar a vida da população mais difícil e o País vulnerável e resistente ao verdadeiro desenvolvimento. Cada governo – federal, estadual ou municipal – tem o dever de promover ações pela segurança. Sem isso, continuaremos crescendo para baixo (como o rabo do cavalo) e, além de viver perigosamente, entregaremos às futuras gerações, o País em piores condições e, até, sob o risco de padecer pela insustentabilidade social e florescimento dos esquemas criminosos.

Em vez de tentar impedir os governos estaduais e duas polícias de cumprirem seu dever constitucional, os críticos da Segurança Pública fariam melhor se tentassem convencer parlamentares, governos e autoridades ligadas à área de que toda vez que relaxam a pena do delinquente, estão dando provas de que o crime compensa e isso tende a crescer como bola-de-neve. A Polícia age no estrito cumprimento da lei, pois é em todos os sentidos  uma cumpridora do ordenamento legal , pois o seu lema é a preservação da vida de todos   É por isso que o mais importante é cuidar das leis pois, sendo elas eficientes, a instituição policial, como cumpridora, também o será.  Acautelem-se todos.Ideologia nunca, jamais…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) tenentedirceu@terra.com.br

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