CRIME AMBIENTAL – Polícia encontra quilômetros de drenos que colocam bacia do Araguaia em risco

Polícia Civil

“É punhal cravado no peito do Rio Araguaia”, afirma o delegado Luziano de Carvalho

Mais Goiás

A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) instaurou um inquérito policial para investigar os crimes de desmatamento, utilização de fogo e drenos na bacia do Rio Araguaia, em Nova Crixás. Segundo a Polícia Civil, é possível que existam mais de 20 km de drenos com o objetivo de secar as áreas de preservação permanente (APP), veredas, lagos e lagoas naturais.

“É punhal cravado no peito do Rio Araguaia”, afirma o delegado Luziano de Carvalho, titular da Dema. Segundo ele, um dos drenos atinge cerca de 8 km, margeando o Córrego Sangradorzinho, um afluente do Araguaia. “Com esses drenos, vai embora a água para plantar e fazer pastagem”, explica.

Estes drenos podem comprometer e alterar todo o ecossistema – como os lagos naturais, que são verdadeiros berçários para peixes – além de diminuir a vazão de afluentes, explica a Polícia Civil. Inclusive, existe o risco de reduzir o volume do Rio Araguaia. A investigação está em curso para identificar os possíveis autores dos crimes ambientais.

Luziano explica que aquela área, que tem característica brejosa, não é para produção – seja de gado e/ou de plantação – e por isso ocorre a drenagem. “Não tem valor econômico, mas ecológico.” O delegado afirma que se trata de um “oásis no cerrado”, um local de reprodução da fauna terrestre e aquática, que também preserva fenômenos como enchentes e secas.

“A natureza não se vinga, mas dá resposta. E a resposta costuma vir em forma de tragédia. O cerrado, um dos biomas mais importantes do planeta, tem sofrido agressões. Desmatamento, fogo… Fauna e flora indo embora. Agora, essa nova modalidade, os drenos.” O delegado afirma que essa situação ocorre, conforme investigação, desde 2020. “Esses ambientes controlam inundações e regulam o clima”, reforça ao Mais Goiás.

Sobre a investigação, ele diz que já solicitou relatório técnico da Secretaria de Meio Ambiente (Semad), com quem atua em conjunto, e da Polícia Científica, bem como nome de possíveis autores, que serão ouvidos nos próximos dias. “Primeiro apurar, depois chegar aos responsáveis”, enfatiza.

Polícia Civil

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