Greve dos caminhoneiros ganha força em Barra do Garças, mesmo após acordo com governo

Foto: Semana7

Em Barra do Garças, os manifestantes ainda não visualizam possibilidade de suspender paralisação

Por Kayc Alves/Da Redação/Semana7

Os caminhoneiros que bloqueiam a BR-070, em Barra do Garças, afirmam que não vão desmontar o movimento. Mesmo após entidades representativas da classe e membro do governo federal terem firmado acordo, ontem (24), para a suspensão da paralisação, manifestantes de várias regiões ainda pretendem manter as barreiras.

O bloqueio está instalado nas proximidades da rodoviária do município e reúne em torno de 200 caminhoneiros. O movimento tem recebido o apoio da população, bem como de empresários locais, que fazem doações de alimentos e ajudam os manifestantes na organização da barreira.

A equipe do Semana7 conversou com alguns deles, que negaram a possibilidade de suspensão da paralisação. O acordo fechado na noite de ontem, entre governo federal e entidades da classe, que suspenderia o protesto por 15 dias, não foi bem visto por grupos representativos de caminhoneiros, incluindo os que se mobilizam Barra do Garças.

“A categoria não aceita. A gente não vai parar os bloqueios enquanto o governo não ceder”, afirma o pequeno empresário e caminhoneiro Odilon Fonseca. Ele destaca que a luta não é apenas dos caminhoneiros, mas da sociedade em geral.

“Essa briga não é por caminhoneiro, por combustível, essa briga é pelo Brasil. Um pneu de caminhão chega a R$ 2 mil, e você roda um ano com ele. Um tanque cheio de gasolina de um caminhão passa de R$ 4 mil reais e, se você trabalhar bem, em um dia esses 4 mil já saíram em fumaça pelo escapamento”, afirma. “Está insuportável, não temos condições mais de manter a frota nas estradas.”

A despesa na estrada também é um dos pontos que dificultam a viabilidade da atividade, segundo o caminhoneiro Wellinton Luiz de Oliveira. Para ele, o que a classe pede não é “nada além do mínimo para que o autônomo consiga tocar o seu caminhão”. “Quando comecei com caminhão, há 22 anos, nosso salário era no entorno de seis salários mínimos e hoje nós não estamos ganhando nem três. Quando eu comecei, uma refeição na estrada era R$ 5, hoje é R$ 20”, relata.

No Brasil, a greve foi aderida por mais de 500 mil caminhoneiros, segundo apurou o site espanhol El País. Estradas de 25 estados e do Distrito Federal estão bloqueadas, o que já causa crise de abastecimento em diversos segmentos. O combustível foi o primeiro a faltar. Em Barra do Garças, por exemplo, praticamente todos os postos esgotaram seus estoques. Outros serviços também estão sendo suspensos, como os calendários escolares e universitários. No país, 10 universidades fecharam as portas, de acordo com o El País.

Segundo Odilon, estão autorizadas a passar pelo bloqueio apenas cargas de material hospitalar e medicamentos. “Carga viva não tem prioridade mais, perecíveis não têm prioridade mais. Já é o quinto dia, é uma paralisação a nível nacional, e não tem mais que avisar ninguém para não carregar esse tipo de carga. Quem carregar vai se responsabilizar e arcar com o próprio prejuízo”, explicou.

No quinto dia de paralisação, o movimento em Barra do Garças parece estar crescendo, com instalação de novas tendas. Para abrigar os caminhoneiros, toda uma estrutura foi montada, com banheiros químicos e até cozinha. Refeições são servidas para todos que estiverem apoiando o protesto.

“Estamos recebendo muita arrecadação. Eu consegui muita alimentação através dos meus contatos”, afirmou o fotógrafo Bosquinho Rodrigues, responsável pela cozinha do bloqueio. Segundo os caminhoneiros, a população tem apoiado o movimento. Hoje os manifestantes receberam a doação de um quarto de boi.

Os caminhoneiros que tentaram furar o bloqueio, passando por rotas alternativas, tiveram seus veículos presos junto ao local do movimento. Os manifestantes tem uma equipe que faz a busca do caminhão e leva até o centro da manifestação.

Na região do Araguaia mato-grossense, a paralisação ocorre em Nova Xavantina, Água Boa, Ribeirão Cascalheira, Canarana, Porto Alegre do Norte, Confresa e Vila Rica.

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