O resultado das eleições – que levou para o segundo turno a polarização entre direita e esquerda e alijou do parlamento nomes dos mais conhecidos, outrora respeitados e até temidos – mostra a opção majoritária do povo por mudanças. Um novo Brasil acordou nesta segunda-feira, aliviado pelo afastamento de figuras notórias, entre as quais a ex-presidente Dilma Rousseff, beneficiada pela manobra que salvou seus direitos políticos no impeachment. As casas legislativas – Senado, Câmara e Assembleias – receberão sangue novo e estarão em melhores condições de cumprir sua tarefa que nas atuais composições, onde muitos dos integrantes são alvos de investigação ou processos decorrentes da corrupção que apodreceu a cena política brasileira dos últimos anos.
A população brasileira, por grande maioria, escolheu Jair Bolsonaro para seu presidente. O candidato obteve 49 milhões de votos e o segundo colocado, Fernando Haddad, recebeu 31 milhões. Bolsonaro só não foi declarado vencedor porque seus votos somaram 46,05% dos voto e a atual legislação requer 50%. Por isso, terá de enfrentar o segundo turno, concorrendo com o segundo colocado. A eleição em dois turnos foi criada no bojo da atual Constituição, valendo para presidente da República, governadores estaduais e prefeitos de municípios com mais de 200 mil eleitores. Muitos a abominam porque no segundo turno são levados a votar em candidatos com quem não têm afinidade ou, então, a optar por branco ou nulo, já que o voto é obrigatório. Até 1988, as eleições foram de turno único, vencendo o mais votado.
No dia 28, o eleitorado voltará às urnas para decidir entre a proposta de centro-direita de Bolsonaro e a de esquerda de Haddad, o preposto do encarcerado Lula. A campanha já começou com tons carregados. O candidato do PSL prega liberalismo, família, segurança jurídica e pública e outros valores, enquanto o do PT tem o discurso que promete fazer o país retornar aos tempos em que o ex-presidente preso governou. Nos estados onde haverá segundo turno para governador, os primeiros pronunciamentos dos concorrentes também apontam para a polarização entre direita e esquerda. A temperatura e a troca de acusações deverão aumentar no decorrer da campanha. Mas o eleitor, como já fez no primeiro turno, no seu próprio interesse, deve ignorar os exageros e analisar qual das propostas lhe parece mais verdadeira e atender aos seus interesses. Até porque, quando votamos, é em busca das nossas aspirações como cidadãos, não das dos candidatos.
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br
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