A queda de Joaquim Levy da presidência do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) representa mais que uma simples mudança no governo. Com o formato escolhido – o de tirar o chão do auxiliar que o desagradava – o presidente Jair Bolsonaro deu seu tapa na mesa e reafirmou o propósito de abrir a chamada “caixa preta” da instituição, que deu vultosas somas a países governados pela esquerda através de empreiteiras que pagavam propina e que, ainda, financiou o gigantismo de grupos locais hoje investigados e processados. Como ministro da Fazenda do governo Dilma, época em que os atos agora contestados se consumaram, e tendo petistas em postos-chave, Levy certamente não tinha interesse em desvendar o período pois suas pegadas e responsabilidades se explicitariam. A ruptura também representa a prioridade governamental em desestatizar a economia, transferindo ao capital privado as ações de empresas hoje em poder do banco. O BNDES, que atualmente é sócio de 101 empresas, deverá voltar à meta inicial de financiar a infraestrutura e a pequena e média empresa.
É importante que o banco devolva os recursos que tomou do Tesouro – R$ 500 bilhões durante os governos petistas – e cobre as prestações atrasadas dos empréstimos que concedeu ao exterior, especialmente a Cuba, Venezuela e países africanos, cujas parcelas estão atrasadas. Todos esses recursos deveriam estar movimentando a economia brasileira e não servindo aos governos aliados de Lula e Dilma.
Da mesma forma, os recursos do banco, que são públicos, não poderão continuar custeando a formação de trustes que, em vez de contribuir para o avanço do mercado, eliminam a concorrência e são gravosos à economia nacional.
Ao mesmo tempo em que o governo busca o novo dirigente para o BNDES, a associação dos funcionários do banco chama, para esta quarta-feira (19), quando a instituição completa 67 anos, um ato contra a “impatriótica desconstrução do BNDES”. O governo e o próprio banco que fiquem atentos e evitem os excessos.
Não cabe aos servidores fazer pressão contra a política do governo para uma instituição estatal e, se isso acontecer, será falta funcional. O governo eleito tem lastro nos votos recebidos para fazer a mudanças e não devem ser servidores e instituições remanescentes da era petista os indicados para impedi-lo. Pelo contrário, o aparelhamento ideológico deve ser eliminado e substituído pelo profissionalismo.
Estamos entrando num período delicado. Além da mudança no BNDES, há o ritual de passagem da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados e das apurações sobre o hackeamento, violação e divulgação das conversas telefônicas e por aplicativos entre o ministro Sérgio Moro, procuradores da Lava Jato e outras autoridades. Espera-se que o país saia desse quadro mais fortalecido do que está entrando…
DIRCEU CARDOSO GONÇALVES é dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo). E-mail: aspomilpm@terra.com.br
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