PAULO BATISTA – “O GUERRILHEIRO DAS PALAVRAS”

As duras críticas proferidas por este consagrado jornalista ao Partido dos Trabalhadores começaram há décadas. Quem sabe, muito antes da sigla PT ter sido oficializada nos anais da justiça eleitoral.

Paulo Batista era integrante da equipe de jornalismo de Goiás, nos jornais O Popular e Folha de Goiás, diários editados em Goiânia, capital de Goiás. Foi quando começou a acompanhar de perto eventos realizados por movimentos classistas, tendo por mentores alguns nomes que mais tarde viriam compor a elite petista da política brasileira, como Luíz Inácio Lula da Silva, que se tornara líder sindical, seguindo, quem sabe, as pegadas de Lec Valeska, também sindicalista que chegara ao poder na Polônia, seu país, pelas mãos do sindicalismo capitaneado pelo Sindicato Solidariedade, presidido por ele.

Alguns anos após a instalação do governo militar no Brasil e, de olho no desgaste que aquele governo vinha sofrendo ao longo dos anos, usando as massas descontentes com a situação, o crescimento dos movimentos sindicais, sendo ele próprio seu principal incentivador, e ainda agregando valores ideológicos de intelectuais e cientistas do mundo político, Lula e companheiros partiram para o passo decisivo que ele e a cúpula trabalhista almejavam: O poder.

Para isso, a criação de um partido político que viesse representar a classe trabalhadora seria fator primordial, e foi o que aconteceu no início dos anos 80, tendo o escriba aqui sido um dos fundadores de um dos primeiros núcleos do Partido dos Trabalhadores – PT no interior do estado de Goiás.

– Mas, e quanto ao nosso guerrilheiro das palavras?… Bom, como disse anteriormente, Paulo Batista acompanhava de perto todas aquelas movimentações que vinham ocorrendo no país, inclusive em São Paulo. Nesse meio de tempo, o jornalista ia tomando conhecimento de fatos, de algumas atitudes dos quais discordava; atitudes visivelmente creditadas a integrantes do PT e que passavam despercebidas da opinião pública. Ocasião em que o partido de Lula e companheiros começou a sofrer as primeiras baixas de pessoas de expressão que haviam participado da criação do partido, já decepcionadas com os rumos que o PT tomara. Paulo Batista ali, analisando, expondo suas opiniões, criticando, e cada vez mais; reflexões e questionamentos iam ocupando a mente do jornalista. Entre uma conversa e outra, quando tínhamos oportunidade de fazê-lo, ao longo desse tempo, ele reforçava em diálogo franco as críticas ao Lulopetismo. E a pergunta surgia em sua mente como um relâmpago: – A meta principal do PT é mesmo a classe trabalhadora ou o poder político?…

O que você vai ler a seguir poderá ser a resposta a Paulo, mesmo quatro décadas depois… Trata-se de documento-convocação expedido em 30 de março de 1981 pela tesouraria da Comissão Regional – PT – Goiás, endereçado aos núcleos e comissões do partido no interior.

Diz o seguinte:

Pedimos aos companheiros, que discutam em seus Núcleos e nas comissões municipais, a importância de se traçar uma política de finanças para o PT e que encarem esse problema com maior seriedade e responsabilidade. A pauta da reunião será:

– Burocracia das Finanças
– O Problema Político das Finanças
– Como Conseguir Verba para o Partido

Passaram-se várias décadas…

Primeiro foi a caneta; gravador com fita cassete; máquina de escrever Olivete; máquina de escrever elétrica; linotipo; off set e… Já utilizando-se do avanço da tecnologia – o computador; o notebook; a internet… Mudanças e mais mudanças ocorreram desde então. A única “coisa” que não mudou neste tempo todo foi a opinião de Paulo Batista quanto aos desmandos petistas – com as necessárias e honrosas exceções, naturalmente –, e nunca faltando com a ética profissional que caracteriza um bom guerrilheiro das palavras.

As análises contrárias ao petismo continuaram rompendo as barreiras entre articulista e leitor; passaram a ser mais bem recebidas, analisadas e respeitadas democraticamente. Até quando o presidente dos Estados Unidos da América do Norte, Barac Obama, declarou sobre Lula “esse é o cara!”, Paulo Batista manteve seu posicionamento crítico à atuação do PT no governo federal, mas, mesmo depois de tudo que aconteceu até o momento atual; as prisões dos maiorais do partido, inclusive de Lula, nosso guerrilheiro das palavras admite: O lulopetismo ainda persiste nas entranhas da República Federativa do Brasil.

(Nico Miranda-  Jornalista e escritor Anistiado político)

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