A República que temos e a que queremos

A República Brasileira completará 130 anos nesta sexta-feira. Durante esse tempo que nos separa de 15 de novembro de 1889, quando os militares retiraram o poder do imperador e constituíram a República, muita coisa mudou. De 14 milhões de habitantes fomos para 210 milhões. De eminentemente rural e até rudimentar, a economia nacional tornou-se tecnológica a ponto de praticar agronegócio em nível com os principais centros produtores do mundo e ser forte na indústria, tecnologia, cultura e afins. Vivenciamos hoje o mais longo período democrático de todo o tempo republicano que foi permeado por ditaduras e instabilidades. Estamos entre as dez maiores economias do mundo mas, mesmo assim, considerados apenas um país “em desenvolvimento” num próximo a 200 países. Hoje vivemos as agruras de, apesar de toda a modernidade social e tecnológica, não termos conseguiu ainda ser um país equilibrado e politicamente sustentável.

Infelizmente, a demagogia e os interesses subalternos de gerações não permitiram que desenvolvêssemos uma administração pública sustentável e principalmente a ação política merecedora do respeito dos cidadãos. As reformas que hoje sacodem a cena política e ensejam munição para aproveitadores e carreiristas de todos os matizes resultam de impropriedades arraigadas. Há pelo menos um século, vivemos a polarização que nos levou às quebras institucionais e radicalizações tanto à direita quanto à esquerda. Ao mesmo tempo que se lutou pelo mccartismo (que perseguiu cidadãos nos EUA) e outros extremismos de direita, batalhou-se pela ditadura do proletariado, cubanização e por outras fórmulas alienígenas que nunca fizeram parte da alma do povo brasileiro mas lhes foram enfiadas goela abaixo.

Reconquistada a democracia, em 1985, os governos e a classe política não foram capazes de alcançar o país que necessitamos. Tivemos dois governantes afastados por “impeachment”, amargamos escândalos de corrupção com protagonistas de todas as tendências e ainda sofremos a crise. Perigosamente, verificamos lideranças temerárias investindo na radicalização. Seria interessante todos entenderem que não precisamos de esquerda e nem de direita. O Brasil carece de sustentabilidade e honestidade para sepultar os desequilíbrios que ainda assombram a economia, a administração pública e até o meio institucional. A democracia vivida ao longo das ultimas três décadas, lamentavelmente, têm sido seguidamente golpeada por interesses excusos, radicalismos ideológicos e outros males. É preciso acabar com tudo isso e, finalmente, trabalhar pela eficiência da máquina pública e sustentabilidade das instituições. Só assim é que, um dia, a nossa judiada República poderá atender aos anseios da Nação e oferecer aos brasileiros aquele sonhado país que, pelas circunstâncias, sempre esteve na esperança de um futuro promissor mas nunca o teve disponível à população…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br

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