Wanderley Farias foi o último coronel no comando da política barra-garcense. Ele encerrou a longa série de prefeitos que teve início com Antônio Bilego, passando por Ladislau Cristino Cortes, Valdon Varjão e Wilmar Peres de Farias, todos em vários mandatos. Suas permanências à frente da cadeira de prefeito foram caracterizadas pela grandiosidade, quantidade e importância das obras realizadas, que, ao fim de cada período, mudaram a face e o futuro da cidade.
Entre os mandatos dos coronéis tivemos períodos de estagnação, caracterizados pelas denúncias comprovadas ou não de corrupção e apropriação do erário público e a ausência completa de obras públicas de importância, sejam de âmbito federal, estadual ou municipal, durante os mandatos de Carolino Gomes e Paulo Raye e, depois, Chaparral e Beto Farias.
Depois de Wanderlei Farias nada se fez, nada se criou, nada se transformou. A cidade parou urbanisticamente falando e obras como o anel rodoviário e o prolongamento da avenida beira-rio se arrastam há anos ou décadas.
Temos algumas, senão várias restrições aos coronéis de Barra do Garças. Seja pela sua maneira ditatorial de governar, seja pela intransigência com qualquer crítica negativa à sua atuação, seja pela surdez que muitas vezes os acometeu, impedindo que ouvissem opiniões e ideias que poderiam ter provocado gestões muito melhores para o município. Também não guardamos saudades de sua atuação junto ao Legislativo municipal, que comandavam com mão de ferro e não davam margens de oposição.
Porém todos eles eram dotados de uma excepcional capacidade de se relacionar com os governos e representantes legislativos estaduais e federais e de obter apoio e recursos para realizar suas propostas, que foram vitais para os resultados obtidos. Exatamente o que os diferenciou dos quatro que tentaram, mas nunca conseguiram a patente de coronel barra-garcense.
Para nossa tristeza não vemos a possibilidade de surgir um candidato nas próximas eleições, com capacidade de obter o apoio e suporte dos níveis superiores e carrear para Barra do Garças os recursos financeiros, humanos e sociais que o município tanto precisa para alavancar o desenvolvimento que viu estagnar com o término do período do coronel Wanderley.
Talvez, como diz a sabedoria popular, as virtudes pulem uma geração e poderemos ver surgir um protótipo de coronel entre os netos daqueles que já comandaram os destinos do município de Barra do Garças.
Frederico Lohmann é arquiteto e consultor
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