GENERAL DE PIJAMA

O Coronel Carlos Aloysio Weber, quando peitado por um general reformado dentro de seu gabinete na sede do 5º Batalhão de Engenharia de Construção, em Porto Velho, Rondônia, soltou a famosa frase: “General de pijama, no meu batalhão, manda menos que um cabo. Ponha-se na rua”.

Revolvemos o passado para ilustrar nossa tese de que os militares reformados perdem o seu direito de mando e sua prerrogativa de pautar seus ditames pelo Regulamento Disciplinar do Exército. Deixam também de se proteger sob as leis da Justiça Militar e passam a obedecer a todos os direitos e deveres de um cidadão comum, mesmo em cargos públicos de relevância, desde que não vinculados às funções específicas de militares na administração central.

Dito isso, temos sérias restrições ao STF de se subordinar às exigências dos ministros civis militares reformados, de ser ouvidos no Palácio do Planalto e não, como todos os outros simples mortais, na sede da Polícia Federal.

Enquanto fizermos esse tipo de concessão aos generais de pijama, estaremos nos subordinando às ordens e desejos de quem já não possui prerrogativa para tal e continuam apegados à boca torta que o cachimbo da caserna deformou.

Deixemos bem claro que não temos qualquer restrição à continuidade de suas atividades após reforma, para qualquer militar que tenha atingido o seu tempo limite na carreira. Porém não aceitamos que o fato de ter prestado, ou não, um bom serviço à pátria e às Forças Armadas, lhes dê o direito de continuar a atuar militarmente em suas funções civis.

Fica a impressão de que a escolha dos generais de pijama para preencher cargos de importância no governo Bolsonaro se deu pela sua paixão pelos altos cargos da vida militar, que ele não atingiu por limitações já bastante conhecidas. Não foram escolhidos apenas pelas suas competências, mas, principalmente, por terem sido oficiais superiores em suas carreiras militares.
Incomoda também o fato de que as atitudes antes narradas nos levam a perceber que se conformaram em ameaças veladas, acenando com a bandeirola de que “estamos aqui para destroná-los a qualquer momento”.

Já não bastassem a pandemia de coronavirus e a crise político-institucional provocada pelo nosso falastrão e mal educado presidente, também temos que aturar as demonstrações de poder velado de nossos generais de pijama.

Themístocles de Azeredo é um brasileiro aposentado

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