Por ARNALDO JUSTINO DA SILVA
Há médicos, advogados, professores, jornalistas, publicitários, políticos, delegados de polícia, escrivães, agentes, juízes, promotores de justiça, procuradores de justiça, desembargadores, servidores públicos, empresários, banqueiros e bancários, estudantes de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado, muitas pessoas ricas ou poderosas, mas miseráveis e escravas de si mesmas, conforme observa Augusto Cury.
Vivem tristes e depressivos. Por que será? Tem tudo que sonharam, mas quando conquistaram, chegaram ao topo, parece faltar-lhes alguma coisa.
Sempre estão à procura da felicidade, como se isso fosse algo inatingível.
Mas há pessoas muito humildes, pobres economicamente, mas cheias de ânimo, vida e alegria.
Há algum segredo para a felicidade?
Isso me fez lembrar da conversa de Cleomar e Jefferson e seu irmão, que atentamente presenciei naquela madrugada de clima agradável em Barra do Garças. O irmão de Jefferson foi o primeiro a dizer:
“-Tudo começa pela mente. Você pode ser escravo de seus pensamentos ou ser livre para autossugestioná-la mantendo a direção sob controle. Do pensamento vem a emoção, gerando uma ação, repetidos comportamentos transformam-se em hábito, que mostra o caráter e dita o destino. A opção é sempre sua”.
Foi aí que Jefferson questionou:
“-Uns dizem que começa pelos sentidos. Falam ainda que são as sensações que escravizam”.
O irmão dele ponderou:
“- Esses que você fala Jefferson, são os empiristas. Eu estava falando dos racionalistas!”
Cleomar intrometeu-se na conversa:
“- Será que o conhecimento é preexistente na mente ou a mente é um quadro em branco que depende dos sentidos para conhecer? Ou será que é uma combinação de ambos: mente e sentidos?”
Ao responder, o irmão de Jefferson alongou ainda mais o questionamento lançado por Cleomar:
“- Ah tá, mas é exatamente isso que estamos debatendo. Do pensamento que começa tudo? Ou a gente primeiro sente (pelos cinco sentidos) e depois representa uma imagem (na mente) gerando uma emoção, que não seria criação já existente, mas sinapses que transformam as imagens captadas pelos sentidos, gerando a emoção, seguidas de ação (movimento corporal)? Ou seja, primeiro a gente sente (pelos sentidos), produz daí mentalmente uma imagem, gerando uma emoção que faz o corpo agir, como diz o Jefferson?”
Daí Jefferson emendou:
“- Será que tudo começa com um pensamento preexistente ou criado na mente pelo pensamento repetitivo (controle da mente, autossugestão) que faz nascer a emoção e depois disso a ação conforme a representação mental preexistente ou criada pelo pensamento repetitivo?”
Cleomar captou:
“-Se tudo nascer da representação do pensamento repetitivo, estaria aí a chave do controle mental para se viver uma boa vida com paz e felicidade?”
Jefferson interveio:
“Talvez a autossugestão dependa somente da mente. Mas a hétero-sugestão sempre dependerá dos sentidos, no caso pode ser tanto a visão quanto a audição. Não?”
Já era tarde, o dia já amanhecia, então o irmão do Jefferson finalizou:
“-Não sei. Acho que nós aqui não sabemos. Mas não importa. São as perguntas que movem o mundo, e não as respostas. Todavia, quem compreender tudo isso terá a chave para viver uma boa vida, pois poderá controlar sua mente por autossugestão e criará escudos para não cair nas armadilhas sugeridas por terceiros, lembrando sempre que a felicidade está no ser, e não no ter ou aparecer”.
* Arnaldo Justino da Silva é Promotor de Justiça em Mato Grosso
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