Saúde & Direito – Medicina prostituída

Dr. Cici – Elsias Nascentes Coelho Neto

Médico e Advogado

No dia 18 de outubro comemoramos o Dia do Médico, uma referência ao Dia de São Lucas, evangelista, que era médico. Recebi felicitações de familiares, ex-alunos e amigos. Mas confesso: fiquei triste!

Formei em Medicina em 1980 na UFMG, fui o mais jovem da minha turma. Com apenas vinte e três anos de idade comecei a exercer a medicina clínica e até hoje atendo pacientes. Apesar de já ter exercido outras atividades profissionais, nunca me afastei da clínica médica.

Não tenho dúvida de que para o médico exercer sua atividade com sucesso, tem que ter amor à profissão e compaixão pelo paciente. Compaixão pela nossa condição de seres humanos condenados à doença, à velhice e à morte. Sem amor e compaixão vamos prejudicar nosso paciente, ao invés de ajudá-lo. Chamamos isto de Iatrogenia, que é uma doença ou complicação causada pelo médico.

É inadmissível um médico atender noventa e um pacientes em oito horas e o Sistema Único de Saúde (SUS) pagar mais de cinco mil reais por essas consultas, de um dia. É indigna uma consulta médica que dura dois minutos. É antiético o médico anunciar que é especialista sem ter RQE (Registro de Qualificação de Especialista).É suspeito um exame que detecta um órgão que foi retirado anteriormente. É criminoso não apurar estes fatos.

Alguns colegas médicos estão perdidos e seduzidos pelo vil metal. Só pensam em ganhar dinheiro, não têm o menor respeito, nem a mais ínfima consideração pelo paciente ou seus familiares. Vivem correndo de um emprego para o outro, procurando cada vez ganhar mais dinheiro. Esses picaretas têm que ser banidos da nossa classe. É por causa deles que a profissão que tanto amo, está cada vez mais prostituída.

O médico tem o dever de denunciar o colega que contraria os postulados éticos. Ele não pode acobertar erro ou conduta antiética de médico. Nós somos responsáveis pelo descrédito crescente da nossa profissão, quando nos omitimos em denunciar os maus profissionais. Além de dever ético, em solidariedade ao paciente o médico não pode se calar. O paciente tem o direito de ser atendido com dignidade e respeito e não merece ser feito de bobo.

É hora de invocarmos São Lucas, colega médico, que descreveu as parábolas da Ovelha Desgarrada, do Bom Samaritano e do Filho Pródigo, esclarecendo a resposta divina em relação ao ser humano perdido.

Dr. Cici – Elsias Nascentes Coelho Neto

Médico-legista da Polícia Civil de Minas Gerais aposentado

Advogado

Médico Auditor da Prefeitura Municipal de Santa Bárbara/MG

Contato: elsiasn@gmail.com

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