Excluir as diferenças para cultivar as concordâncias

 

“Postergar nossas diferenças para priorizar causas comuns que nos unem como nação”. Essa a declaração de objetivos produzida no final da tarde de domingo, por Santiago Peña, ao ser proclamado vencedor da eleição presidencial do Paraguai. É um aceno ao mundo pela estabilidade e – sem dúvida – o testemunho da razão do Partido Colorado, ao qual é filiado, vir atuando com destaque na política do vizinho país há 70 anos, o que o faz um dos mais longevos no poder.

Diferente da onda esquerdista que se espalha pela América Latina e traz mudanças radicais, tanto para o bem quanto para o mal, o Colorado paraguaio é um partido conservador, de direita, e tem trazido ganhos à sociedade. Peña, eleito para governar o país nos próximos cinco anos, tem como meta política combater a pobreza, a corrupção e a impunidade. É contrario, por exemplo, à legalização do aborto e vê a família na ótica tradicional, constituída por mamãe, papai e filhos. Caberá a ele negociar o novo acordo Brasil-Paraguai sobre a Usina Hidrelétrica de Itaipu, construída há 50 anos, na divisa dos dois países. Otimista quanto à negociação com o governo do presidente Lula, diz pretender um acordo que seja benéfico aos dois países durante os próximos 50 anos.

Depois de viver a ditadura do general Alfredo Stroessner – 1954/89 – o Paraguai tem obtido avanços consideráveis. Com o endurecimento no combate ao crime, deixou de ser o  destino dos veículos roubados nos países vizinhos, especialmente no Brasil; tem priorizado o combate à produção e tráfico de drogas e outros crimes transnacionais. De economia  agropecuária predominante (grãos e carne bovina, principalmente), o país, de 6,7 milhões de habitantes, abriga entre eles os brasiguaios, que são 500 mil brasileiros e descendentes que para lá migraram a partir dos anos 40 do século passado e dedicam-se na maior parte à agricultura e pecuária. O principal motivo de terem se nydadi di Brasil é que no Paraguai não têm tantos impostos e confiscos, como ocorre aqui, em suas produções.

Não se pode falar em economia paraguaia sem citar a zona franca de Ciudad del Este, na fronteira com Brasil e Argentina, onde milhares de compradores dos países vizinhos comparecem todos os dias em busca de produtos importados com isenção de tributos. Ela responde com a metade do Produto Interno Bruto (PIB) paraguaio. É a terceira ZF de comércio do mundo, superada apenas pelas de Miami e Hong-Kong.

Apesar de ter problemas – como todo país em desenvolvimento – torna-se, cada dia mais, uma âncora de estabilidade político-institucional para o continente. Isso se dá tanto pela própria governança quanto pela fragilidade e polarização política, a praga que prejudica as diferentes nações da região, inclusive o Brasil…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

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