Fiscalização interdita laticínios que produziam creme de leite com matéria-prima vencida

De acordo com o ministério, as empresas recebiam leite vencido e, além do próprio leite em caixinha, fabricavam creme de leite a granel e outros derivados. (Foto: reprodução)

Empresas ficam no Rio Grande do Sul e usavam leite vencido para fabricar creme de leite e outros derivados; quatro pessoas foram presas e uma está foragida

Três indústrias de laticínios no Rio Grande do Sul foram interditadas pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa).

De acordo com o ministério, as empresas recebiam leite vencido e, além do próprio leite em caixinha, fabricavam creme de leite a granel e outros derivados. A análise do laboratório especializado do Mapa comprovou que os produtos já estavam apodrecendo em virtude dos níveis de acidez. Ao todo, os fiscais federais agropecuários proibiram a comercialização de 9,1 mil kg de creme de leite industrial.

A medida é resultado da 12ª Operação Leite Compen$ado, do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), que começou em outubro do ano passado. Conforme as investigações, as mercadorias eram repassadas a outros clientes, entre eles uma grande rede de supermercados. O leite dessa rede ainda vai ser analisado, para saber se está de acordo com os padrões de qualidade para consumo.

As fábricas – Laticínios Modena, Laticínios Princesul e Laticínios Rancho Bello – ficam nos municípios de Travesseiro, Nova Araçá e Casca. Quatro pessoas foram presas preventivamente pelo Ministério Público gaúcho e uma está foragida.

A interdição vale até que os problemas sejam corrigidos. O leite, saliente o MP, era comprado de produtores da região, mas não ficou identificada participação deles na fraude.

O esquema

Segundo o Ministério Público, uma das práticas era adicionar água para que o creme de leite duro, já amanteigado, fosse novamente amolecido e misturado a outras cargas em condições melhores. Os laudos feitos pelas próprias empresas eram mascarados, afirma o MP, para que tanto a fiscalização quanto os compradores não visualizassem os problemas.

“Uma organização criminosa se instalou na região para fraudar o produto, especialmente na recuperação de leite já impróprio para consumo”, diz o promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Mauro Rockenbach, que participou da operação. Segundo o promotor Alcindo Bastos, também do Gaeco, foram localizadas 5 toneladas de queijo na Princesul, que haviam sido devolvidos por um laticínio de Maceió (AL). “Os queijos estavam vencidos, impróprios, totalmente sem padrão, e a devolução de produto era algo comum, já que a própria rede de supermercados devolveu muitas cargas em virtude de problemas com embalagem ou azedos, mesmo dentro da validade”, salienta.

Gazeta do Povo – Agronegócio

 

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