Ser ou não greve geral

Sobre a Greve Geral de 28 de abril de 2017, os argumentos de todos os segmentos sociais são repetitivos, sejam na imprensa escrita, na televisão, no rádio e até nas rodas de amigos.

Um dos argumentos mais incoerentes é a preocupação da grande mídia de massa ao pretender tornar o movimento menos importante do que realmente é.

Um famoso jornalista chegou a afirmar que não era geral porque tinham pessoas trabalhando. Ora, se uma greve para ônibus, metrô e trens não pode ser considerada geral, é preciso estabelecer um conceito definido para se chegar ao ponto de uma posição do que seria uma greve geral.

Esta afirmação se aproxima de outra muito comum defendida por pessoas que não participariam de qualquer movimento. Elas costumam afirmar que “se todo mundo participar eu também participo”. É uma defesa prévia, tentando ser simpático aos colegas, pois sabem que nunca haverá unanimidade.

Se para um jornalista renomado o fato de ter alguém trabalhando não configura greve geral, sua posição fica mais injustificável do que a de um trabalhador averso a qualquer participação popular. Os empregados são, em regra, ameaçados pelos seus superiores e as empresas que, somente nessas horas, colocam todos os meios de transportes para levá-los ao serviço. Não é razoável que um trabalhador tão e cercado assim possa ficar em casa.

No caso dessa greve, não se pode cobrar uma adesão grande dos trabalhadores, sabendo-se da existência de mais de 13 milhões de pessoas desempregadas no país.

Quanto ao mérito de ser contra as reformas aproxima-se de um clichê. Alguns interesses pontuais podem ser diferentes entre aqueles defendidos pela massa daqueles dos organizadores. Mas, alguém precisa liderar, e a população isolada não organiza movimentos.

Agora, achar que o povo está ingenuamente sendo contra as bondades dos “300 picaretas” ou mais, isso vai além de ingenuidade. Eles, tão bonzinhos! A população, tão burra, incapaz de absorver a própria felicidade.

  Uma propaganda governamental vai nessa mesma direção. Cita o exemplo do uso do cinto de segurança. É comprovado que ele ajuda na preservação física e evita mortes, mas a adesão é forçada. Independente de certo ou errado, ninguém saberia com exatidão quantos usariam sem o risco de multas.

Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP

  Bacharel em direito               

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