Contraponto em vez de oposição

Na última terça-feira fui convidado por dirigentes da CDL de Cuiabá, pra uma reunião onde empresários discutiriam temas políticos. Aceitei o convite. Poucas pessoas. Mas as discussões foram extremamente oportunas ao momento brasileiro. Algumas colocações foram postas na mesa e ganharam campo. Uma delas é o papel destrutivo das corporações públicas em relação à sociedade. Por corporações entendam-se os chamados poderes públicos, as universidades, os sindicatos e suas centrais sindicais, os movimentos sociais e outro tanto de corporações privadas.

O quem tem de mal em ser uma corporação? – perguntou-se. O mal é que elas se tornaram ilhas de interesses que defendem na maior parte do tempo quem está dentro. Isso começa no nível federal, passa pelo estadual e chega ao municipal. Até as instituições do mundo empresarial. Interesses e mais interesses de quem está dentro do círculo de poder dessas corporações. Quando elas tomam atitudes, pensam em ganhos igualmente corporativos. Tipo, aumento do orçamento e uma série de vantagens não-republicanas. Frequentemente registra-se o corporativismo destrutivo financiado pelos impostos cobrados da sociedade.

As corporações privadas cobram contribuições através de diversos caminhos. E, também, frequentemente não entregam serviços. Temos então uma sociedade saqueada sem retorno de serviços. Cruel, não?

Na reunião citada no começo deste artigo a questão girou em torno de que é preciso construir-se uma linguagem pra mudar esse estado crítico. Essa linguagem não deve ser de oposição, porque esta não constrói. Aliás, mantém o clima de opostos que favorece apenas ao discurso das corporações. O caso é de construção de contrapontos. Entenda-se a formulação de idéias que contribuam pra resgatar o estado normal das coisas.

 Estamos falando de dialética. O que seria a dialética? Em vez do debate, que gera cada vez mais oposições, a dialética opõe as ideias em três estágios: a tese, a antítese a resultante, que é a síntese. Aproveita-se o lado bom das duas e se formula algo novo.

Os setores empresariais e a sociedade não tem formulado. Tem reclamado. Isso é bom pras corporações porque lhes dá o discurso de corrigir o que não querem corrigir. Mas discursam. Os poucos empresários que estavam na reunião estão pensando dessa forma. Na próxima terça-feira às 9 hs  na CDL (Av. Getúlio Vargas. Em Cuiabá) vão se reunir de novo. Quem quiser ajudar na formulação de novos contrapontos, já sabe que é mais produtivo pensar do que chorar.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br   www.onofreribeiro.com.br

 

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