Nós com Lula, Lula sem nós

De sexta-feira passada até um futuro imprevisível o Brasil vai respirar um clima pesado de revisionismo. Revisionismo é o ato de se reanalisar algo (por exemplo, um fato, doutrina, valor, livro etc.), gerando modificações em relação à interpretação original que se tinha do objeto analisado.

O mandado de prisão do ex-presidente Lula põe em xeque nos muitos Brasis contraditórios. Todos merecedores de um amplo revisionismo. Não discuto aqui nenhum mérito legal ou político de Lula e nem dos fatos que determinaram que se expedisse a sua prisão. A maioria está sujeita a mudanças profundas dentro de um clima de violento revisionismo que vem aos poucos se instalando no Brasil.

O discurso histórico da esquerda brasileira, hoje casado em comunhão de bens com um decadente partido político, o Partido dos Trabalhadores, chega ao fim da estrada de poder que durou 13 anos no comando do país.  Por detrás tem a ideologia da esquerda misturada com uma série de doutrinas ideológicas e com uma prática delituosa de poder que em algum momento destrambelhou pra manutenção  a qualquer custo.

A ética, ainda que seja apenas filosófica, mantém vivas convicções da esquerda. Sem ela perde-se a separação entre as fronteiras cínicas do poder. O que farão as esquerdas diante da prisão do seu único ícone, o ex-presidente Lula? O que farão os movimentos sociais, as centrais sindicais e os militantes partidários? Sem o discurso ideológico, partirão certamente pro suicídio do discurso da vitimização. Morre muitas vezes quem morre se sentindo vítima.

Tudo isso significa que o revisionismo que nasce neste instante na sua face de violência, certamente invadirá as ruas, a mídia, as instituições públicas aparelhadas, e as armas responderão ao Direito, à ordem pública, à falta de convicções filosóficas.

Os revisionismos são muito didáticos. Pela violência implícita eles suscitam o reflexionismo como resposta construtiva ao caos.

O Brasil entrou no caos imprevisível. Pode ser que haja derramamento de sangue, pode ser que não. Mas resultará na morte do fatalismo ideológico da esquerda atual pra renascer numa reflexão numa composição de re-construção de uma civilização nova neste país chamado Brasil. Com ou sem dor, será tudo o que que acontecer!

 
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso/ onofreribeiro@onofreribeiro.com.br/ www.onofreribeiro.com.br

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