A FACA QUE CAIU DO CÉU

Logo que aconteceu o atentado contra o candidato Bolsonaro que o remeteu ao leito hospitalar por quase todo o primeiro turno das eleições presidenciais, os mais calculistas eleitores do capitão, se lixando para a dor do esfaqueado e para o humanismo politicamente correto que a situação exigia, já contabilizavam na ponta do lápis os dividendos que a loucura homicida de Adélio renderia nas urnas, extasiados com a possibilidade de vitória sem segundo turno.

As discussões variavam de acordo com a coloração partidária dos envolvidos, com a turma mais afeita aos barbudinhos
oscilando entre duvidar da veracidade do ato até o ponto de minimizar a potencialidade do instrumento utilizado, sendo rechaçados pelos adeptos de Bolsonaro com a irônica e maldosa argumentação de que “faca na barriga dos outros é alfinete”.

Porém, essa supérflua discussão das ruas não se aprofundou para a consequência mais fundamental do impensado ato, que foi a ausência de Jair nos debates, nas entrevistas, nos atos de campanha, substituído por uma invisível porém ungida vítima que em momento algum expôs sua verdadeira alma ao público, resguardando-se dos ataques que inevitavelmente sofreria de corpo presente, com possibilidades de que nem sempre dissesse o que o seu eleitor gostaria de ouvir, dado o temperamento às vezes até irascível do capitão.

Até o “Ele não” das adversárias enfurecidas do candidato do PSL acabou por beneficiar o aparentemente ofendido, fazendo-o saltar inúmeros e valiosos pontos nas pesquisas mais confiáveis, gerando nas hostes lulistas o temor de uma vitória do indesejável inimigo já no primeiro turno, o que, convenhamos, não é possibilidade de se desprezar.

A ausência de Bolsonaro nos debates é tão sentida pelos adversários que gostariam de fritá-lo de corpo presente que Ciro Gomes, com sua costumeira civilidade, cortesia e polidez, sabedor do veto do médico do candidato líder nas pesquisas à sua presença no embate eleitoral da TV Globo de 04 de outubro, advertiu com dedo em riste que “atestado falso é crime”.

Se Haddad pensa na possibilidade de indultar Lula, evidentemente que se eleito, em agradecimento aos votos transferidos pelo recluso de Curitiba, remando contra a vontade da maioria do eleitorado, segundo pesquisas dos mesmos institutos que aterrorizam a esquerda com números tão ameaçadores nas eleições, embora tenha enganado o eleitor com uma negativa, talvez não fosse de todo desprezível a ideia de um indulto de Bolsonaro a Adélio, acaso eleito, claro, afinal, sem a facada, talvez não houvesse a eleição do Capitão. C´est la vie.

ANTONIO RUBENS FAGUNDES PEREIRA
Advogado em Barra do Garças.

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