Os perigos de um salvador da pátria

É muito difícil viver em um país em que o presidente da República:

– Se diz militar, no seu marketing político-eleitoral, quando foi defenestrado do Exército em início de carreira, e se diz político, quando não conseguiu liderar nenhuma facção da Câmara federal, nem aprovar um único projeto nos seus vinte anos de apagada atuação parlamentar.

-Afirmou em alto e bom som que a pandemia não passava de uma gripezinha e, mesmo atingindo mil e quatrocentas mortes por dia, continua desafiando as medidas de proteção preconizadas pelos órgãos de saúde pública nacionais e internacionais;
– Orienta aos órgãos responsáveis a atrasar a divulgação das estatísticas diárias, apenas para fazer picuinha com um dos grupos de comunicação brasileiros, prejudicando todos os órgãos da mídia no cumprimento de sua função precípua e, mais uma vez, confundindo o povo brasileiro.

– Substitui dois ministros da Saúde em plena pandemia e nomeia um terceiro que não dispõe de nenhuma especialidade em saúde pública e que a única vantagem oferecida é cumprir cegamente todas as instruções da presidência.

– Enfrenta todos os órgãos normativos de saúde pública locais e estrangeiros, negando a necessidade de isolamento social, e principalmente lockdown, mesmo depois que alguns municípios que foram pioneiros na abertura apresentarem aumento de 1.000% nos casos de contaminação, e mais do isso no caso de óbitos, em menos de um mês.

– Tenta de todas as maneiras limitar as verbas federais aos estados e municípios, principalmente àqueles que lhe fazem oposição, ignorando o fato de que a crise atual demanda recursos muito maiores do que os correntes naquelas unidades federativas e que, por serem impedidas de contrair empréstimos ou financiamentos, têm a união como única provedora de recursos extras.

– Mantém um gabinete com o maior número de militares em primeiro, segundo e terceiro escalões, desde a revolução de 64, com o intuito apenas de se cercar de profissionais que são treinados a nunca questionar ordens superiores, em todas as hierarquias.

Ficamos, então, imaginando que tipo de demência atingiu parte do eleitorado brasileiro, propiciando cinquenta e cinco milhões de votos a um candidato que, há muito, já mostrava deficiência psicológica ao comandar uma companhia num regimento de cidade grande, que não tem qualquer finalidade prática.

A única explicação era o risco de que, derrotado Jair Bolsonaro, elegêssemos um candidato do partido dos Trabalhadores e continuarmos vivendo a corrupção, o aparelhamento, a recessão e a degradação nunca antes vistos na história do Brasil.
Dos males, o menor.

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