Em tempo de lives e comunicação digital

Apesar de todas as polêmicas que seu uso tem provocado – tanto para o bem quanto para o mal – a internet, redes sociais e aplicativos chegaram ao estágio onde podem ser consideradas irreversíveis. O avanço que trouxeram é infinitamente maior do que os problemas que causam.

É graças ao computador, smartphone e seus acessórios que os processos de produção se modernizaram e ampliaram a eficiência. A informática permitiu a interação entre as diferentes linhas de equipamentos profissionais, domésticos e pessoais e nos conduz à nova realidade. Até os veículos de comunicação – jornal, revista, rádio e tv – agregaram ao seu parque de recursos a transmissão de seus conteúdos pela rede. As repartições públicas, os bancos, o comércio. a indústria e a prestação de serviços tornam-se cada dia mais “digitais”. Tudo pode ser contabilizado em bits e bytes.

A revolução cibernética nos impõe novas rotinas. Hoje somos informados e encaminhamos nossos serviços e pendências através do telefone celular. O jornal, o rádio, a tv e o atendimento presencial nos estabelecimentos reserva-se ao especializado ou de caráter conclusivo ou terminativo. Os veículos de comunicação, por exemplo, trocam o viés informativo pelo opinativo e, com isso, são capazes de prestar serviços mais avançados à sua audiência. 

Quem tem o que falar ao grande público, encontra hoje o recurso das lives, só acessando a mídia tradicional quando o tema tratado é relevante e desperta o interesse de pauteiros, editores e comentaristas. Mesmo bastante acionado, o recurso ainda não chegou ao  formato ideal ou final. O presidente Lula, por exemplo, está começando a produzir live, como fez Bolsonaro (que transmitia a sua no começo da noite das quintas-feiras). Outros políticos e integrantes do mundo corporativo também poderão usar a rede e, dependendo da importância do que tiverem a comunicar, encontrarão (ou não) repercussão.

Preocupam-nos, no entanto, a sede que muitos têm de controlar e tolher o terreno da internet. Em se tratando de um poderoso instrumento de comunicação, não há razão para censurar, restringir acesso ou punir procedimentos específicos do ambiente. O meio digital deve submeter-se à legislação geral e operar com os mesmos direitos e obrigações que modulam os demais ambientes e segmentos. O usuário jamais deverá ser contido pelo voluntarismo ou interesses das autoridades mas, no reverso da medalha, tem de ser consciente dos seus direitos e deveres e pagar o justo preço quando extrapolar. A proliferação de códigos e obrigações que se sobrepõem à legislação geral é uma ofensa aos direitos da Sociedade e, mais que isso, o impedimento ao bom uso dos recursos levados pelo avanço tecnológico. Numa democracia, todos os ambientes têm de ser disponíveis para a boa utilização e os que cometerem irregularidades têm de ser devidamente cobrados. Mas ninguém pode nem deve ser punido por presunção ou interesses de quem quer que seja.
 
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 
aspomilpm@terra.com.br      

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