Brasil e o embate China-EUA

Desde a designação da ex-presidente Dilma Rousseff para a presidência do banco dos BRICs – que pode ter sido um excelente prêmio de consolação à ex-governante impichada e rejeitada pelo eleitorado mineiro na sua tentativa de tornar-se senadora – destacam-se as preocupações brasileiras com o desenrolar da disputa de China e Estados Unidos pela hegemonia mundial. 

É inegável que com seu regime híbrido, onde preserva a ditadura de partido único e busca benefícios na economia de mercado, os chineses batem de frente com os EUA, titulares da liderança global desde o fim da 2ª Guerra Mundial e, mais ainda, depois do esfacelamento da União Soviética. Os dois contendores não parecem confortáveis na fita e podem até chegar ao conflito, que, se ocorrer,  vai sacudir o planeta, pois seria o embate entre as duas maiores economias, ambas interessadas em abiscoitar a parte maior do bolo. 

A China investe alto para implantar sua influência econômica mundo afora; além de colocar produtos de sua indústria, tem de garantir recursos e mercado para adquirir suprimento alimentar à sua população, de 1,4 milhão de habitantes, que até a virada de abril para maio últimos, quando foi superada pela Índia, era a maior do mundo. Os EUA, por seu turno, faz todos os esforços para se manter no topo do Ocidente.

Preocupa-nos o caminho por onde o Brasil vai enveredar. Ao mesmo tempo em que a China amplia parcerias e investimentos em nosso território, somos sondados a formar no bloco ocidental ao lado de Taiwan e Ucrânia, para fornecer comodities alimentares e minerais.. É preciso compreender que, mesmo detendo grande atividade econômica, estamos muito distantes de poder atuar como fiel da balança entre os dois gigantes globais. E torcer para que o presidente Lula da Silva, em sua sede por reconhecimento internacional (quiçá o Prêmio Nobel da Paz ou pelo menos a sua indicação) não leve nosso país a posições que não tem cacife para sustentar.

A posição brasileira no embate dos titãs não deve passar do proselitismo por soluções negociadas das divergências e da pavimentação do caminho da paz. Com essa postura conciliatória, poderemos contribuir com a estabilidade e lucrar no ponto de vista econômico. Se, no entanto, descermos para um dos lados da contenda, a derrocada será certa. E o risco maior será perder nas duas pontas.

Com jogo de cintura, poderemos achar vantagens decorrentes da disputa dos grandes. Pugnemos pela convivência pacífica sem jamais desembarcar nos interesses econômicos e principalmente ideológicos. Vale para o caso uma frase muito usada, antigamente, no interior: Em briga de inhambu, jacu não entra. (E, se entrar, a surra será inevitável)…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 
aspomilpm@terra.com.br   

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