Mudança retroativa

Quem muito requebra, perde o rebolado, mas quem não tenta, não consegue seu intento, é o que diz velha frase de um andarilho que sempre se mete a ser filósofo.

Na política brasileira nada se cria, mas muito se copia, ou então coloca seus antecessores como cristo, ou seja, criador dos malfeitos. A reforma da Previdência sempre foi palco das analogias administrativas e políticas, muito embora os do contra almejem tirar os seus proveitos para votar.

Agora vai, dizem alguns, enquanto outros céticos colocam que precisa ir, mas com outras mudanças. Bem lembrado foi o que colocou que antes (ou juntas) as reformas deveriam se iniciar nos alicerces dos três poderes para depois partirem para outros redutos.

Cadê peito para isso? Será que ainda vamos ter um presidente que comece a reforma por sua própria casa e também nas dos vizinhos, tidos igualmente como matreiros?

É aí que a corda arrebenta pelo lado mais fraco, ou seja, do povão, que sempre está servindo de cobaia administrativa e política.

Paralelo a estas experiências se anuncia agora, de modo a tentar “aparecer”, a possível mudança do presidente Jair Bolsonaro, seus filhos parlamentares e seguidores para a UDN (União Democrática Nacional.

É um fato novo no dia-a-dia da política, mas não chega a ser novidade na carreira do governante que, nos seus 30 anos de mandato, passou por sete partidos. Vale lembrar, no entanto, que a sigla agora escolhida, diferente das anteriores, inexpressivas, tem um passado de destaque. Segundo estudos o partido foi criado em 1945, na redemocratização pós-ditadura Vargas. A sigla UDN reuniu expoentes da política nacional da época. Teve atuação voltada ao liberalismo e moralidade contra o populismo praticado por Vargas, a quem fez grande oposição durante o governo constitucional, que terminou no seu suicídio.

Depois de apresentar candidatos a presidente e perder nas eleições de 1945, 50 e 55, o partido apoiou Jânio Quadros, que era filiado ao PTN (Partido Trabalhista Nacional) e ganhou a eleição de 1960, mas renunciou 7 meses após a posse.

Num país onde os partidos não passam de cartórios, a volta da outrora ruidosa UDN pode atender à necessidade de Bolsonaro se desvencilhar dos problemas que começam a surgir no PSL. É o que dizem…

O que o presidente não pode é partir para uma nova (?) sigla e deixar a sujeira do PSL debaixo do tapete. Também não pode trocar seis por meia dúzia, ou melhor, carregar os fatos espúrios criados (ou descobertos?) no decorrer dos últimos dias.

Por estar inativa a UDN não tem passado e nem problemas recentes. Não será difícil moldá-la aos interesses do mandato e aproveitar o seu passado histórico como grife ideológica. Cultivar a ideia de um partido que no passado teve grandes lutas pelo desenvolvimento nacional pode até ser uma excelente opção

Conforme um articulista “por ouro lado o  país passa por uma importante virada de ciclo, semelhante às ocorridas em 1945, 1964 e 1985, com a diferença de hoje não haver quebra institucional nem alteração do processo eleitoral.”

 A nova ordem decorre de se prevenir e manter a credibilidade. Evitar decisões impensadas e geradoras de crise, lembrando dos exemplos dos seus intempestivos antecessores Jânio Quadros e Fernando Collor que, com medidas de alta repercussão, perderam a condição de governar.

O momento exige firmeza e segurança do governante para que a economia tenha os investimentos necessários, o trabalho seja pleno, a segurança eficaz e a esperança por dias melhores seja a constante. Fatos isolados não devem, jamais, afetar o governo.

 No PSL, na UDN ou em qualquer outra sigla, Bolsonaro tem de se cuidar e sempre ter como foco principal aquilo que prometeu em campanha e com o que ganhou os votos do eleitorado. Uma das tarefas a cumprir – é bom não esquecer – é a reforma do sistema partidário, que hoje não atende aos interesses de ninguém.

Seja o primeiro a comentar sobre "Mudança retroativa"

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado.


*