Caminhos tortuosos

O Brasil assiste estarrecido as últimas verborragias de Jair Bolsonaro, tratando os mais sérios assuntos como piada ou desprezo. O presidente perdeu toda e qualquer noção de ridículo e respeito e age como um menino malcriado quando questionado pela imprensa.

Não é uma atitude isolada e inédita e, se analisada a curva do tempo, claramente verificamos que tal postura vem se acirrando e demonstra que ele já perdeu o controle de suas atitudes, de seus atos e de seus desmandos.

O mais preocupante é vermos a passividade dos presidentes da Câmara e do Senado, que continuam dando apoio a Bolsonaro e, para piorar, aproveitam o destrambelhamento do presidente para direcioná-lo ao conchavo com o grupelho de Centrão, tentando, e até agora conseguindo, fazer a política palaciana retornar ao tempos de Dilma e Temer.

Mais uma vez fica provado que ainda não surgiu um líder capaz de enfrentar a força da corrupção unida na Câmara e no Senado, que mina qualquer tentativa de mudar o status quo e acabar com o câncer que corrói as principais instituições brasileiras.

Nas conversas de bastidores, os empresários comentam desalentados terem perdido a esperança em qualquer mudança para melhor e se perguntam o que fazer para mudar o rumo.

Os militares, que se renovaram com a eleição de Bolsonaro, acreditaram, como grande parte dos eleitores, que havia surgido um candidato que faria as reformas imprescindíveis à sobrevivência do país, dentro das regras democráticas e republicanas. Tal crença já tem pernas curtas e se restringe àqueles fardados que estão diretamente ligados à administração central. A tropa já mostra inconformismo e não mais coaduna com os atos e atitudes do presidente.

Some-se a isso o caos disseminado pela pandemia do Covid-19 e estamos diante de nosso pior pesadelo, vendo o Brasil descendo inexoravelmente a rampa do retrocesso, em direção ao fundo de um poço que não chega nunca.

Os últimos anos, desde meados do governo Lula, têm sido muito difíceis, progressivamente difíceis, e não vemos, a curto ou médio prazos, pessoas ou instituições capazes de reverter os rumos projetados.

Vemos e ouvimos diariamente a imprensa noticiando a fala de nossos principais representantes na política, no empresariado ou nos níveis de governo que o único caminho é pela democracia, porém, a cada dia temos menos confiança nas instituições democráticas, que vem falhando sistematicamente da condução e solução dos problemas brasileiros, em todas as suas gradações.

Não nos colocamos como arautos da quebra do sistema vigente por meios antidemocráticos, mas afirmamos, com toda a convicção, que devemos repensar os caminhos que trilhamos, buscando outras vias de solução, ou o Brasil caminhará definitivamente para a inviabilidade.

 

 

 

 

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