O impatriótico tempo de contradições

Apesar do indiscutível trauma decorrente da pandemia da Covid 19, que já matou quase 130 mil brasileiros e deverá levar outros até sua completa erradicação, vemos o Brasil reagindo, especialmente pelas suas forças econômicas. O primeiro indicativo de crescimento é a proliferação de lançamentos imobiliários. Isto está ocorrendo e, observe-se, o maior número de empreendimentos é destinado às classes média e alta. Operadores lamentam não ter mais imóveis de alto padrão porque a procura aumentou no último mês. Vemos, também, as montadoras de veículos voltando com força e, até, disputando o mercado que, segundo as informações, é comprador. Os shoppings, apesar do terror isolacionista imposto pelos combatentes do coronavírus, também registram bom movimento. É lógico que, apesar dos indicadores de recuperação, temos os milhares de pequenos negócios que pereceram e cujos donos agora têm de tomar um rumo. Sabemos de tudo porque temos uma imprensa livre e capaz de interpretar os acontecimentos e trazê-los a nosso conhecimento. Esse o grande trunfo da democracia brasileira.

Quem lê as notícias setoriais da economia não consegue compreender (ou aceitar) o irresponsável cabo-de-guerra que se montou em torno da pandemia e, principalmente, a sua exploração político-eleitoral. Também é inaceitável o número de ações extemporâneas contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Outra inaceitável realidade é o cerco que se faz ao redor da Operação Lava-Jato que, segundo alguns, corre o risco de ir para o ralo, como foi, na Itália, a Operação Mãos Limpas, que também prendeu políticos e descobriu muitas falcatruas praticadas por poderosos.

A Covid 19 começa a ceder, o país já tem três frentes para a produção de vacinas e espera começar a aplicá-las em janeiro. Isso deverá dar um alívio à população e eliminar o discurso político daqueles que pretendem fazer carreira às custas da pandemia. É verdade que, quando a vacina chegar, muitos dos personagens que hoje têm destaque por mandar fechar estabelecimentos, multar o povo e tumultuar nossa vida já terão o destino traçado. Os prefeitos e vereadores serão submetidos às urnas em novembro. É naquela oportunidade que ficaremos sabendo se o povo concordou com as providências tomadas para conter o coronavírus ou se as considerou indevidas. Hoje ainda é cedo para arriscar qualquer prognóstico.

Oxalá saia das urnas o melhor resultado para o futuro dos municípios e que, nos níveis estadual e federal, os políticos tenham a decência de se pacificar e deixar os eleitos trabalharem. É prejudicial ao país viver no permanente clima de disputa eleitoral, final de campeonato e até de desobediência civil, estabelecidos desde o impeachment de Dilma Rousseff e recrudescidos depois da eleição de Bolsonaro. Prefeitos, governadores e o presidente precisam do espaço para trabalhar e os que são contrários, se puderem, que se candidatem nas próximas eleições. Quando tentam impedir os atuais governos de cumprir sua missão, é a típica ação de lesa-pátria e merece toda a reprova e, se possível, a repressão…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br

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