A política operada como arma destruidora

Independente do resultado, a contenda judicial-policial aberta dentro da sucessão presidencial dos Estados Unidos, configura-se num grave problema àquele país, considerado a maior democracia (e economia) do mundo. Se restar confirmado, o candidato democrata Joe Biden chegará à Casa Branca acossado por denúncias políticas e pessoais e sob o peso de uma eleição viciada só comparável às de republiquetas atrasadas. Se o presidente Donald Trump der a volta por cima, tende a ter o segundo quatriênio presidencial mais contestado do que o primeiro, onde foi atacado diuturnamente. É a eleição do perde-perde, onde os candidatos saem menores do que entraram e a Nação é a grande prejudicada.

Os norte-americanos, conservadores por natureza e, com a devida razão, orgulhosos de sua estabilidade político-constitucional de mais de dois séculos, amargam denúncias de fraude eleitoral, como a criminosa contagem de votos atribuídos a mortos, e uma saraivada de denúncias contra o presidente virtualmente eleito. De outro lado, temem que, se não obtiver sucesso na disputa judicial, o impetuoso Trump, num gesto tresloucado, revele segredos de Estado e, com isso, periclite a segurança e a paz nacional e até mundial. Um presidente norteamericano detém informações de elevadíssima relevância que, reveladas publicamente ou a interlocutores indevidos, podem criar instabilidade política, econômica e social e até provocar muitas mortes em todo o planeta.

O que o mundo assiste em território estadunidense é uma guerra eleitoral onde os concorrentes rompem todos os limites da razoabilidade, legais, morais e éticos no intuito de vencer, pouco se importando com o rastro de destruição que deixam ao passar. Democratas e republicanos não são mais aqueles dos tempos de Kennedy e Reagan e isso terá consequências.

Pior é que o fenômeno não está restrito aos EUA. Vivemos no Brasil algo semelhante quando se trata de política nacional e estadual. Esquerda e direita são inteiramente diferentes do que eram nos bicudos tempos da guerra fria e do regime militar. O ativismo irresponsável e sectário varre o país e leva forças e grupos políticos a absurdos. Poucos se importam com os efeitos colaterais de seus gestos. O objetivo, aqui, também é vencer a qualquer preço, mesmo com o risco da destruição do país e o sofrimento do povo.
A atividade política é nobre e sua finalidade é promover o bem-estar. Precisa, urgentemente, voltar a ser exercida com dignidade, interesse público e humanidade. Sem o retorno desses valores básicos, desgraçadamente, a ruína é uma questão de tempo. Pensem nisso, e mudem…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br

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