PANTOMIA E ECONOMIA

Barra do Garças é, por origem, uma cidade polo e a enorme maioria das cidades polo do Brasil surgiram na confluência de dois rios, onde o encontro do afluente com o curso principal era o local ideal para a instalação de um ponto de comércio, recebendo a produção pelo afluente, transportada em pequenas embarcações ou em tropas de mulas por terra, e exportando pelo rio maior.

Além das características comuns às cidades de entroncamento de rios, nossa cidade ainda representava um forte ponto de comércio de ouro e pedras preciosas, advindos dos garimpos das nascentes dos rios Araguaia e Garças.

A mudança da atividade econômica principal, provocada pelo encerramento da maioria dos garimpos, não alterou a característica de polo e Barra do Garças se apresentou como potencial fornecedora de suprimentos para as novas comunidades que surgiam no Vale do Araguaia e que inicialmente se abasteciam em Goiânia ou Cuiabá.

A nova identidade comercio-atacadista se deu naturalmente e os espaços foram ocupados pela disponibilidade de insumos, em quantidade e qualidade, e pela vantagem dos preços praticados, sempre menores que os custos nas capitais, somados aos custos de deslocamento.

Assim se escreveu a história econômica de Barra do Garças nas últimas décadas, com altos e baixos em função de crises internas e/ou externas ao município, porém sem interrupções e, quase sempre, em curva ascendente.

Pela primeira vez, desde que se tornou o principal polo comercio-atacadista do interior de Mato Grosso, a cidade viu paralisada a atividade, provocada pelo distanciamento social em proteção contra a expansão do vírus Covid 19, numa decisão acertada da administração municipal.

Menos de 60 casos confirmados, sendo a grande maioria de baixa intensidade e de tratamento doméstico, e três mortes comprovaram a eficácia da quarentena imposta, porém paralisaram a atividade econômica e inviabilizaram o polo regional.

Chegou a hora de se realizar uma abertura controlada, atraindo nossos tradicionais clientes, resgatando a principal fonte de renda do empresariado local e, consequentemente, o suprimento de recursos para os trabalhadores barra-garcenses, hoje no limite de sua capacidade de sobrevivência.

O remédio adotado foi bom e deu certo, no entanto sabemos que o excesso mata tanto quanto a falta de tratamento e temos que tomar os cuidados para garantir que a cidade e sua população continuarão respirando depois que conseguirmos controlar a pandemia.

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