Sai a Covid-19, fica a crise política

Embora ainda em níveis superiores ao desejado, a estatística da Covid-19 revela que o país vem registrando, há 10 dias, a queda do número de mortos pela pandemia. É uma boa notícia e deve servir de incentivo para as autoridades sanitárias continuarem o trabalho de combate – especialmente a vacinação – e a população não baixar a guarda nos cuidados para evitar contrair o mal, que ainda circula. A determinação sanitária básica é de se manter o uso da máscara, lavar as mãos seguidamente com álcool gel ou água e sabão, manter o distanciamento pessoal de pelo menos um metro e meio e evitar aglomerações. A melhor alternativa, ainda, é não pegar o vírus, pois uma vez infectado, o futuro é incerto e, se o quadro evoluir para a internação e intubação, o paciente enfrentará sequelas e ainda poderá ir a óbito em razão das complicações adquiridas durante o tratamento.

Ainda há muita desinformação no mundo científico nacional e internacional em relação à pandemia que, do ponto de vista de moléstia, é nova e carece de pesquisas. As vacinas – que hoje já imunizam 78,4 milhões de brasileiros (37,6% da população) com a primeira dose e 27,8 milhões (13,13%) com das duas doses – estão evitando a ocorrência de mortes nos segmentos já imunizados. Agora, a maioria das cidades está vacinando a população entre 30 e 40 anos e assim deverá seguir nas próximas semanas e meses até atender todos os maiores de 18 anos e, possivelmente, o segmentos dos adolescentes e crianças, que ainda não está definido mas o surgimento de casos nessa faixa poderá incluí-lo. Embora haja discursões  e divergências, não dá para esquecer a questão da imunidade de rebanho que ocorre quando aproximadamente 70% da população estão vacinados.

Com a disponibilidade de três vacinas – Cornavac, AstraZeneca Oxford e Pfizer/BioNTech – surgiu o fenômeno do candidato à imunização tentar escolher a marca do produto. Isso causa problemas de logística e tumultua o programa de imunização. Por conta disso, grande número de municípios vem adotando a solução radical. Quem quiser escolher a vacina, será colocado no fim da fila e só será atendido depois de toda a população. Prefeitos estão editando decretos nessa direção. Vale lembrar que dificilmente haverá vacina da marca pretendida para todos os interessados.

Ao mesmo tempo em que a pandemia sinaliza diminuição – a ponto de Manaus, que meses atrás esteve fora de controle não registrar, pela primeira vez desde a chegada da pandemia, mortes num período de 24 horas – temos a desmedida e inconsequente luta política travada em Brasília tendo a Covid-19 como pano de fundo. Os adversários do presidente Jair Bolsonaro trabalham diuturnamente na tentativa de encontrar uma forma de levá-lo ao impeachment. É um triste espetáculo que a classe política impõe à Nação e serve para que o povo tenha, a cada dia que passa, menos apreço pelos políticos. Somos pela apuração de todas as possíveis irregularidades cometidas no âmbito da administração pública e pela punição dos seus responsáveis. Mas tudo dentro de normas e sem o regime belicoso que hoje está estabelecido na capital federal dentro da malfadada CPI da Covid, que mira o presidente e faz questão de ignorar os governadores e até prefeitos – a maioria deles de oposição – que receberam o dinheiro federal para combater a pandemia mas, conforme casos já comprovados, dele fizeram mau uso.

A CPI até deveria existir, mas ter como propósito exclusivo apurar os problemas. Não deveria ser instrumento de ação política de oposicionistas que, no lugar da apuração dos fatos, procuram apenas a ação político-eleitoral e têm suas vistas voltadas para o pleito de 2022. Da forma que hoje está, é um retrocesso ao processo político brasileiro e, sem dúvida, flagrante ameaça à democracia. Precisa redirecionar seu foco…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br

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