Silval diz que Daltinho gravou reunião para chantagear deputados assista vídeo

(Foto: Reprodução)

Daltinho na época era suplente e fez a gravação para se manter no cargo. O valor cobrado foi de R$ 1 mi

Airton Marques/RDNews

 O deputado estadual Adalto de Freitas (SD), o “Daltinho”, teria gravado reunião do Colégio de Líderes da Assembleia, para chantagear os membros da Mesa Diretora. A reunião realizada entre 2012 e 2013, quando o ex-deputado José Riva era presidente do Legislativo, teria como objetivo buscar uma forma de conseguir mais dinheiro do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).

A acusação é do próprio peemedebista em depoimento prestado em 5 de maio deste ano à procuradora da República Vanessa Cristhina Scarmagnani, que compõem o acordo de colaboração premiada (delação) com a Procuradoria-Geral da República. O teve acesso ao vídeo em que Silval lê o depoimento ao lado do advogado, Délio Lins da Silva.

De acordo com Silval, Daltinho, que na época era suplente, gravou a reunião e utilizou a gravação para se manter no efetivo exercício do cargo de deputado. O ex-gestor declara que temendo que Daltinho divulgasse tal gravação, os parlamentares combinaram entre si para que o parlamentar continuasse na cadeira.

Coforme o depoimento, para comprovar os fatos, Daltinho entregou para o deputado Romoaldo Júnior (PMDB) um pen drive com cópia dessa gravação. Silval diz que teve conhecimento do fato pelo próprio Romoaldo, e pelos deputados Riva e Mauro Savi (PSB).

Após alguns dias da reunião, de acordo com o peemedebista, Riva, Savi, Romoaldo, Gilmar Fabris (PSD), Baiano Filho (PSDB), Wagner Ramos (PSD) e Dilmar Dal Bosco (DEM) foram até o Palácio Paiaguás para exigirem dinheiro de Silval, de “retornos” oriundos das obras da Copa do Mundo e do programa MT Integrado.

“Que nessa reunião os deputados exigiram que o declarante efetuasse o repasse no valor de R$ 1 milhão por deputado”, diz trecho do depoimento.daltinho.jpg

Deputado estadual Daltinho é citado em delação do ex-governador Silval Barbosa (Foto: Reprodução)

Caso recusasse a proposta, os parlamentares ameaçaram não aprovar as contas de governo e ainda criar dificuldades tanto na aprovação dos projetos de interesse do Poder Executivo, como também no andamento das obras.

O ex-governador relata que ofereceu repassar a gestão do montante de R$ 400 mil de obras do MT Integrado, para que os parlamentares conseguissem receber cerca de 3% a 4% de propina das construtoras. No entanto, os deputados não teriam aceitado tratar diretamente com os empresários, ficando combinado que Silval ficaria responsável em nomear alguém para receber esse montante e repassar aos membros do Legislativo.

Construtoras

O peemedebista afirma que após muita discussão, conseguiu convencer os deputados a repassar o valor de R$ 600 mil por deputado, parcelado em 12 vezes. Silval repassou ao então adjunto da Sinfra, Valdísio Viriato, a missão de coordenar a arrecadação do dinheiro com as construtoras.

O peemedebista ressalta que a propina era paga pelas empresas: Construtora Guaxe e Encomind, 3 Irmãos Engenharia Ltda., JM Terraplanagem e Construções, Agrimat Engenharia e Empreendimentos Ltda., Construtora Rio Tocantins Ltda., Construtora Francisco Marino, Construtora Base Dupla, Construtora Camargo Campos S/A, Dínamo Construtora Ltda., H.L. Construtora, OK Construções e Serviços Ltda., Construtora Campesato, Apuí Construtora e Centro-Oeste Construtora.

Pagamento de propina

Ainda no depoimento, Silval diz que o chefe de gabinete, Silvio Corrêa, foi quem pagou o dinheiro da propina aos parlamentares. Ao todo, 24 deputados, entre titulares e suplentes, que compunham a legislatura passada, teriam recebido propina proveniente das obras do MT Integrado, Copa e empresas com incentivos fiscais.

Na lista de recebedores de dinheiro ilícito estão os deputados Wagner Ramos, Romoaldo Junior, Ondanir Bortolini, o Nininho (PSD), Guilherme Maluf (PSDB), Zé Domingos Fraga (PSD), Pedro Satélite (PSD), Sebastião Rezende (PSC), Dilmar Dal Bosco, Baiano Filho, Mauro Savi, Gilmar Fabris, os ex-deputados José Riva (sem partido), Antônio Azambuja (PP), Alexandre César (PT), Ademir Brunetto (PT), João Malheiros (PR), Airton Português (PSD), Walter Rabello (falecido), Luiz Marinho (PTB), Jota Barreto (PR), Teté Bezerra (PMDB), o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (PMDB), a prefeita de Juara Luciane Bezerra (PSB) e o deputado federal Ezequiel Fonseca (PP).

Alguns tiveram vídeo divulgado do momento em que receberam a propina. De acordo com Silval, foram gravados Jota Barreto, Emanuel, Luciane, Airton, Zé Domingos, Ezequiel, Azambuja e Alexandre. Gilmar e Baiano aparecem, mas não teriam recebido naquele momento.

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